Cirurgia de miopia grátis para professor

Jornal da Tarde - Domingo, 22 de maio de 2005

seg, 23/05/2005 - 9h45 | Do Portal do Governo

O Hospital das Clínicas vai oferecer a operação gratuita para professores das redes estadual e municipal. Problemas de astigmatismo e hipermetropia também serão resolvidos de graça. Profissionais do HC vão às escolas no próximo mês para começar a triagem. A idéia é fazer de 600 a 700 cirurgias ao mês

Camilla Haddad

Os professores das escolas públicas poderão passar, gratuitamente, por cirurgia de correção de miopia, astigmatismo e hipermetropia no Hospital das Clínicas HC, na Zona Oeste de Capital. O anúncio foi feito ontem (21) por Newton Kara José, diretor da Clínica Oftalmológica do complexo, durante o mutirão para exame de vista.

De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, as operações começam dentro de dois meses e, já em junho, profissionais do HC irão às escolas para fazer a triagem dos professores com problema. De acordo com o diretor da Clínica Oftalmológica, a idéia é realizar de 600 a 700 cirurgias por mês. Uma operação de miopia a laser, por exemplo, custa aproximadamente R$ 1.500. ‘O HC será o primeiro hospital do Brasil a fazer cirurgia a laser de graça’, disse. Atualmente o procedimento não é realizado no hospital – há cinco anos, era feito com bisturi.

O oftalmologista disse que a iniciativa foi uma idéia do secretário de Estado da Saúde, Luiz Barradas Barata. ‘No início vamos atender só professores da rede estadual e municipal. Mas não está descartada a hipótese de abrir, mais para frente, o programa para toda a população,’ completou. Kara acredita que 90% dos professores não têm condições financeiras para pagar a cirurgia. ‘Para se ter uma idéia, 25% da população de São Paulo tem problemas de miopia. Após 18 anos de idade, mais de 50% das pessoas precisam de óculos’, contou.

O secretário municipal de Educação, José Aristodemo Pinotti, estava no mutirão. Ele elogiou a iniciativa do Estado. ‘A classe média não tem dinheiro para pagar plano de saúde. Fico bem satisfeito.’ O aparelho, que já está no complexo, custou US$ 600 mil, equivalente a cerca de R$ 1,5 milhão.

Hoje, existem 54 mil professores na rede municipal e 210 mil na estadual. Carlos Ramiro de Castro, presidente da Apeoesp – sindicato que representa os professores do ensino público no Estado -, disse que a proposta da cirurgia é válida, mas precisa ser levada para hospitais do outras cidades.

‘Não sabia da novidade, mas achei importantíssimo. Só que é preciso descentralizar o serviço’, alertou. Castro contou que a Apeoesp está terminando uma pesquisa sobre doenças dos professores ocasionadas pelo trabalho. ‘São dados alarmantes, como alergia e problemas de vista também.’

Mutirão atende 4 mil crianças

Filas enormes marcaram o primeiro dia do mutirão de exames oftalmológicos para estudantes do ensino fundamental de 153 escolas públicas de São Paulo. Os exames começaram a ser feitos ontem no Hospital das Clínicas HC, na Capital. Hoje a ação continua. Cerca de 4 mil crianças serão atendidas.

As que apresentaram diagnóstico de miopia ou astigmatismo irão receber, em 30 dias, os óculos de graça. E mais: as armações são da grife italiana Miguel Giannini, as mesmas usadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outras celebridades.

O mutirão faz parte da Campanha Olho no Olho, organizada pela Clínica Oftalmológica do complexo e parceiros. Os estudantes tinham passado por triagens nas escolas, feitas pelos professores. Durante as consultas, as crianças passaram por oito tipos de exames, entre eles o de fundo de olho. Por fim, escolheram a armação mais adequada para o tipo de rosto. Gleciele Corrêa de Souza, 9 anos, usava óculos desde os 4. Há alguns meses, porém, sua armação quebrou. Neste período, a menina, que tem miopia, ficou sem óculos por falta de dinheiro para comprar um novo.

Igor Delmonte, 9 anos, ficou em dúvida. Mas, em alguns minutos, escolheu. ‘Prometo que não vou tirar mais do rosto.’

Segundo o oftalmologista Newton Kara, pelo menos 25 mil crianças da rede pública de ensino precisam de óculos. ‘O mutirão é importante para detectar o problema e fazer com que o aluno não perca o interesse na aula.’