Centro testa vacina anti-HIV

Jornal da Tarde - São Paulo - Terça-feira, 19 de outubro de 2004

ter, 19/10/2004 - 9h55 | Do Portal do Governo

Serão selecionados 15 voluntários que não têm o vírus para o experimento, que deve durar cinco anos

RODRIGO GALLO

O Centro de Referência e Treinamento DST/Aids de São Paulo está selecionando voluntários para participar dos testes iniciais de uma vacina contra o vírus HIV. Os experimentos farão parte de uma pesquisa para verificar a segurança do medicamento. Serão recrutadas 15 pessoas que não têm o vírus.

Segundo o diretor do centro, Artur Kalichman, não há risco de contaminação dos voluntários, já que a substância injetada no organismo das pessoas será um vírus semelhante ao da gripe, mas modificado geneticamente. O objetivo desta fase da pesquisa é testar a segurança da vacina no que diz respeito aos efeitos colaterais, como dor no local da injeção, vermelhidão na pele e febre. ‘Podemos afirmar com certeza que os testes não oferecem nenhum risco de contaminação’, salienta o diretor.

Outro objetivo é testar a eficácia da vacina na prevenção contra o vírus da Aids. A idéia é fazer com que o organismo das pessoas tenha contato com o gene do HIV inserido no medicamento, e verificar se há a imunização. Antes de ser colocado à venda, o produto precisa ser aprovado em outras duas fases de testes.

Os candidatos precisam estar em boas condições de saúde, ter entre 18 e 50 anos e ser HIV negativo. Todos os interessados serão submetidos a exames clínicos e laboratoriais, além de entrevistas.

Durante o período de testes, alguns voluntários vão receber aplicações da vacina, enquanto outros receberão doses de placebo, uma substância semelhante mas sem o princípio ativo. ‘Assim, poderemos observar se, dentre outras coisas, os efeitos colaterais são realmente do medicamento ou simplesmente da picada’, explica Kalichman.

Os escolhidos vão receber três doses da vacina: uma no primeiro dia, outra em quatro semanas e a última após seis meses. O teste está previsto para ter duração de cinco anos. Nos primeiros 18 meses, os voluntários deverão comparecer ao CRT mensalmente, para acompanhamento. Em seguida, as visitas de controle passam a ser anuais.