Centro de Ressocialiação Feminino Rio Claro é referência em atendimento no Estado

Jornal da Cidade/Rio Claro

seg, 17/08/2009 - 8h49 | Do Portal do Governo

Com capacidade para atender 130 mulheres, o Centro de Ressocialização Feminino de Rio Claro é referência em todo o Estado de São Paulo devido ao atendimento e trabalho que desenvolve com as reeducandas há sete anos. 

Segundo a diretora do CRF, Maura Batista da Cruz, a unidade tem um diferencial de todas as outras, pois cumpre o que está disposto na lei de execuções penais. “Aqui, as mulheres cumprem a pena com dignidade”, afirma. “Como aqui atendemos a um número pequeno, podemos desenvolver um trabalho mais especializado voltado a elas, temos um contato maior, conhecemos a história de cada uma delas”, fala.

O local conta com assistentes sociais e psicólogas que desenvolvem um trabalho visando a inserção na sociedade. Além disso, as reeducandas trabalham dentro da própria unidade através de parcerias com empresas, outras atuam na lavanderia, na cozinha e nos serviços burocráticos da própria unidade, já as que cumprem a pena em regime semiaberto atuam em empresas externas. Ao todo são 26 reeducandas em 15 empresas. 

Segundo a diretora, atualmente a unidade atende a 126 mulheres, sendo que 90% das reeducandas cumprem pena por tráfico de entorpecentes.

“Aqui a principal diferença é o tratamento que elas recebem, o CRF oferece cama, chuveiro quente, comida boa, elas têm acesso a dar continuidade aos estudos desde a alfabetização até o Ensino Médio, além disso elas ainda participam de aulas de artesanato, alimentação adequada, palestras e seminários, tudo a fim de modificar o comportamento delas”, diz.

Dados da Secretaria de Administração Penitenciária revelam que hoje o índice de reincidência de pessoas que cumprem penas alternativas é de 4,7%, já o do regime fechado é de 60%.

Para a diretora, uma solução para minimizar o índice de criminalidade seria adotar sistemas parecidos com os Centros de Ressocialização. “Seria uma solução para tratar o problema e não apenas conter, o Estado de São Paulo é o que mais tem presídios no país”, fala.

“Se a pessoa não for tratada, sai pior do que entrou, é preciso mostrar para o ser humano que ele tem condições de se reinserir na sociedade, é preciso mudar a mentalidade dele”, salienta. 

Sobre a oportunidade de emprego às pessoas que já cumpriram sua pena e estão em liberdade, ela afirma que esse é um trabalho que terá retorno a longo prazo. “É preciso desenvolver parcerias, principalmente do setor público, é um trabalho de formiga, mas os resultados vão aparecer”, diz. 

Sobre a criminalidade, ela afirma que esse é um problema social. “A base das famílias está desestruturada, é preciso investir mais em educação, oferecer mais acesso a cursos para que o problema não cresça ainda mais”, salienta.

Outro ponto importante para o processo de reintegração social é a participação da família. “A família tem papel importante no processo de ressocialização, pois é o primeiro contato”, diz.

Para Mirian Felippe Ramos, desde dezembro de 2008 na unidade, o CRF Rio Claro é um dos modelos mais adequados para reintegração social. “Aqui não me sinto presa, estou tendo um momento de reflexão que lá fora não conseguia ter”, diz. “Aqui aprendemos a valorizar as simples coisas, damos um valor muito maior à família, hoje percebo que a família é a base de tudo”, fala. 

“Aqui aprendemos a respeitar o espaço do outro, temos consciência de que nossos atos e atitudes trazem consequências”, salienta.

Mirian diz que, quando sair do CRF, pretende ser uma empreendedora “Aqui estou aprendendo muito e quero atuar na área de administração, marketing e vendas”, fala.