CDHU migra para os bairros centrais

Jornal da Tarde - Sexta-feira, dia 29 de setembro de 2006

sex, 29/09/2006 - 11h12 | Do Portal do Governo

Estatal da habitação troca áreas periféricas por regiões mais nobres, que são o alvo de construtoras privadas

CHARLISE MORAIS charlise.morais@grupoestado.com.br

Os bairros mais centrais, e em alguns casos nobres, de São Paulo entraram na mira da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano, a CDHU, vinculada à Secretaria da Habitação do governo estadual e criada com a finalidade de oferecer moradias para a população de baixa renda.

O plano estratégico, em fase final de elaboração, prevê a construção de 500 mil moradias em todo o Estado de São Paulo entre 2007 e 2017. A diferença é que, em vez de povoar a periferia das cidades da região metropolitana, os novos empreendimentos serão construídos em áreas do centro expandido de São Paulo, em bairros como Morumbi e Alto da Mooca, marcados pelos investimentos das construtoras em apartamentos de alto padrão.

Com as novas construções em locais mais próximos do Centro, a CDHU planeja atacar o problema das favelas e cortiços que se aglomeram no coração da Cidade. “Essa medida gera benefício social a quem mora na favela ou cortiço e também ao entorno, que é recuperado”, argumenta Marcelo Cardinale Branco, presidente da CDHU.

Para isso, a estatal pretende resolver o problema com soluções mais amplas, que envolvam, além da entrega da casa, o acesso a todos os serviços públicos necessários e proporcione uma qualidade de vida melhor a esses moradores. “O foco desse planejamento é tratar não apenas a questão do déficit habitacional, mas agir com um processo de inclusão social dessas famílias”, explica o presidente da CDHU.

Ao comprar terrenos em áreas mais periféricas, é possível obter um custo menor e maior espaço para a construção das unidades. Mas, em contrapartida, essas regiões são escassas em serviços como hospitais, escolas, creches e áreas de lazer. Segundo Branco, esse déficit estrutural obriga a população a deslocar-se para outras regiões, além de exigir pesados investimentos do governo em infra-estrutura e transporte. “Pensando a longo prazo, a economia não vale a pena.”

É por isso que o plano estratégico da CDHU prevê que as novas moradias beneficiarão pessoas que vivem ou trabalham próximo às unidades a serem construídas. “É dentro dessa lógica que escolheremos o terreno para o empreendimento”, revela Branco

Na questão das favelas e cortiços, a solução vai além. “Nesses casos, a companhia ajuda a resolver o problema da degradação. O morador do Morumbi prefere ser vizinho de um conjunto habitacional do que da favela do Paraisópolis”, exemplifica o presidente da CDHU.

E isso deverá ocorrer em breve. Um acordo firmado entre a Prefeitura da Capital e a CDHU irá recuperar a favela do Paraisópolis. As moradias em área de risco serão removidas e novos prédios habitacionais irão abrigar a população.

Iniciadas há três meses, as obras deverão ser concluídas em quatro anos. “Essa foi uma solução inovadora para o problema latente e beneficiará toda a região”, diz Branco.