CDHU estuda acabar com juros

Jornal da Tarde - Sexta-feira, dia 4 de agosto de 2006

sex, 04/08/2006 - 11h15 | Do Portal do Governo

Companhia concluiu que cobrar juros e dar subsídios é algo contraditório

Medida pode ser aprovada já no próximo mês, dependendo dos estudos

Em contrapartida, a CDHU promete endurecer contra os inadimplentes

LUCIANA MATTIUSSI, , luciana.mattiussi@grupoestado.com.br

Quem adquiriu a casa própria por intermédio da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) por ter uma boa surpresa no próximo mês: a entidade estuda a possibilidade de eliminar os juros dos financiamentos. A provável medida faz parte do programa Sempre em Dia, que foi criado para combater a inadimplência. O primeiro passo para que ela seja implementada já foi dado com a queda da taxa atual. Os juros baixaram de cerca de 12% para 3% ao ano.

Segundo o diretor administrativo-financeiro da CDHU, Fernando Luiz Bento Pirró, as chances de não existir mais juros na compra de casas populares são grandes. “Na minha opinião é muito provável que os juros sejam eliminados, pois a missão da CDHU é oferecer subsídios para que as pessoas de classes mais baixas consigam comprar a casa própria. E estamos nos convencendo de que juros e subsídios são coisas contraditórias”, diz.

Outro fator positivo apontado por Pirró é o aumento na arrecadação da própria companhia. “Sem juros, os valores das prestações diminuem, facilitando a vida de quem tem que pagar. Assim, o número de não inadimplentes cresce e, conseqüentemente, a arrecadação também. Com mais dinheiro em caixa, é possível inclusive construir e oferecer mais imóveis para a população”, acredita.

Enquanto esta medida ainda é estudada, porém, a CDHU já colocou em prática outras ações para diminuir a inadimplência. Além de ter baixado os juros, a entidade aumentou o prazo de financiamento. Os mutuários têm agora até 420 meses, ou 35 anos, para quitar a dívida. Antes, o período era de 300 meses (25 anos). “Antes os juros mensais eram de 1% e podiam chegar a aproximadamente 12,5% ao ano. Reduzimos para 3% ao ano, pois levamos em consideração os juros pagos pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e recalculamos as dívidas. Também aumentos o prazo de financiamento para facilitar os pagamentos”, comenta Pirró, que ressalta que essas medidas já estão produzindo resultados positivos.

Como parte do programa Sempre em Dia, a CDHU ainda disponibilizou serviços na página na internet (www.cdhu.sp.gov.br) para que os mutuários possam acertar suas dívidas sem sair de casa. No endereço eletrônico, a pessoa pode, além de fazer acordos, imprimir segundas vias de boletos e levantar todo o histórico da compra. Basta informar o número da conta, o CPF e a data de nascimento.

Entretanto, a CDHU também promete não facilitar a vida de quem não cumprir com o contrato. “Se apesar de todas as facilidades a pessoa deixar de pagar, entramos com uma ação judicial para tirá-la do imóvel. Ao mesmo tempo que fazemos um esforço para que todos consigam pagar, não vamos permitir a continuação de pessoas que não colaboram”, finaliza. O mutuário é considerado inadimplente após 90 dias de atraso no pagamento. Atualmente, a CDHU tem 465 ações na Justiça.