CCSP vê 2 peças de Bosco Brasil

Folha de S.Paulo - Terça-feira, 8 de janeiro de 2008

ter, 08/01/2008 - 10h58 | Do Portal do Governo

Folha de S.Paulo

Única peça de Bosco Brasil até então inédita nos palcos, “Cheiro de Chuva” (2000) estreou no Rio de Janeiro no ano passado e chega a São Paulo nesta quinta. É anterior a “Novas Diretrizes em Tempos de Paz” (2001), que impulsionou a carreira do dramaturgo na montagem de Ariela Goldmann, com Dan Stulbach e Tony Ramos.

O público tem a chance de colocar os dois dramas em perspectiva, ambos encenados no espaço Ademar Guerra, no CCSP. O próprio Brasil, 47, assina produção e direção de “Cheiro de Chuva”, além da cenografia e co-criação da trilha musical. Ele quer reafirmar a condição de pau-para-toda-obra do “teatrante”, como se refere ao trabalhador do teatro, arte com a qual lida há 30 anos.

Já “Novas Diretrizes” chega pelas mãos do diretor Fernando Couto, com o grupo Atores Associados, que vem de temporada premiada em Belo Horizonte. Na peça, o imigrante polonês Clausewitz (Olavo de Castro) desembarca no porto do Rio e é submetido a um interrogatório por Segismundo (Ari Nóbrega). A ação se passa em 18 de abril de 1945, quando a Segunda Guerra Mundial está em seus últimos dias. Com medo da perseguição aos judeus, ele tenta convencer o funcionário a deixá-lo entrar no país.

Em “Cheiro de Chuva”, a convergência também se dá entre dois personagens, Aluno (Marcello Escorel) e Professora (Tânia da Costa). Nas aulas de dança, em sala espelhada, eles evoluem inevitavelmente para um jogo que vai desnudar sentimentos de si e do outro.

A obsessão pela alteridade está na base da escrita. “A idéia de que é no primeiro encontro, na troca de olhares, que você tem definitivamente um ser, o eu-tu depois transformado. Isso é força-motriz em “Cheiro de Chuva”, que preparou “Novas Diretrizes”, “Blitz” e “Cem Gramas de Dentes'”, afirma Brasil.

Atualmente morando no Rio, o autor era aliado em São Paulo, nos anos 90, de artistas que apostavam em “dramaturgia contemporânea”. Envolveu-se em iniciativas como a abertura do Teatro de Câmera na praça Roosevelt, onde estreou “Atos & Omissões”, e a criação da independente Caliban Editorial.

Segundo ele, a diversa geração anos 90 mirou a cidade e acertou em si mesma. “Sinto que o espaço privado engoliu o espaço público. O niilismo é um estágio importante para ver a realidade de outro ângulo, só que a nossa geração tropeçou nesse degrau e não conseguiu dar respostas dramatúrgicas.”

NOVAS DIRETRIZES EM TEMPOS DE PAZ Onde: Centro Cultural São Paulo – espaço Ademar Guerra (r. Vergueiro, 1.000, tel.: 3383-3400)

Quando: estréia hoje; ter. e qua., às 21h. Até 30/1

Quanto: R$ 15 CHEIRO DE CHUVA Onde: CCSP – espaço Ademar Guerra

Quando: estréia dia 10/1; qui. a sáb., às 21h; dom., às 20h. Até 3/2

Quanto: R$ 15