Casarão da FAU vira centro de referência

O Estado de S.Paulo - Segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007.

seg, 05/02/2007 - 15h37 | Do Portal do Governo

De O Estado de S.Paulo

Ano que vem, a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP) completaria 60 anos no casarão centenário da família Penteado em Higienópolis, zona oeste. Hoje, funciona apenas a pós-graduação no local. Mas o sexagenário não chegará a ser celebrado. O recém-empossado diretor da FAU, Sylvio Sawaya, começou a pôr em prática uma das promessas da campanha que o elegeu: transformar a construção histórica em um centro de referência em arquitetura, aberto a entendidos e apaixonados pelo tema.

O casarão da Rua Maranhão é um emblema não apenas arquitetônico. De estilo art nouveau, a construção de 1.500 m2 foi projetada pelo sueco Carlos Ekman em 1901 e concluída dois anos depois. Em 1946, o imóvel foi doado à USP, sob a condição de sempre servir à arquitetura, seja ao ensino, missão a qual se dedicou a partir de 1948, ou à pesquisa e divulgação. Desalojar algumas das principais estrelas da arquitetura brasileira – todos professores da pós-graduação da FAU que terão de trocar o bem localizado casarão pela Cidade Universitária – não foi das tarefas mais difíceis, conta o novo diretor. Difícil mesmo foi ter sido eleito para um cargo que já foi ocupado por Vilanova Artigas e ter conseguido mobilizar professores e funcionários em torno das suas propostas.

‘O casarão continuará sendo a FAU, mas não uma FAU voltada para ela mesma, e sim para a sociedade’, conta Sawaya, há 35 anos na instituição. Quando estiver perto de completar o mandato de quatro anos, ele terá completado 50 anos no local, contando o tempo em que foi aluno, época em que militou no movimento estudantil ao lado de José Serra (PSDB).

A posse de Sawaya, há dez dias, foi um dos eventos mais concorridos da USP. Alunos, professores e ex-professores compareceram em massa. ‘Muitos se ofereceram para trabalhar de graça no projeto do centro de referência e em todos os outros que formulamos durante a campanha’, conta. ‘Em 45 dias no cargo, já mexemos em coisas que mudaram panoramas de 30 anos.’

Sawaya precisará não apenas do trabalho dos professores, mas do apoio deles. Na democracia da FAU, o diretor propõe, porém, só executa os projetos que a base eleitoral permitir. Por enquanto, o despejo das estrelas não assustou ninguém. A transformação do casarão levará pelo menos dois anos para começar a ganhar forma e possivelmente mais dois para funcionar a pleno vapor.

Professores como Nestor Goulart Reis Filho, Carlos Lemos e Benedito Lima de Toledo, todos aposentados, deverão trabalhar na formatação do centro de referência, que nasce com parte considerável do acervo da biblioteca da FAU – a maior e mais completa do País.