Ângela Corrêa
O casamento comunitário que uniu gratuitamente 941 casais de São Bernardo na manhã deste domingo levou para as arquibancadas do Ginásio Poliesportivo cerca de 7 mil pessoas, entre noivos, familiares e amigos. A organização, a cargo da Diretoria de Ensino, órgão do governo do Estado, e da Prefeitura de São Bernardo, escolheu cinco casais para representarem os demais noivos e trocar alianças em um palco no centro do ginásio.
A seleção foi baseada em diferenciais: a noiva mais jovem, o noivo mais velho, mãe e filho se casando no mesmo dia e uma funcionária do setor de limpeza da Diretoria de Ensino, que teve como testemunhas os secretários estaduais da Educação, Gabriel Chalita e, de Assistência e Desenvolvimento Social, Maria Helena Guimarães de Castro. Foram testemunhas ainda o governador Geraldo Alckmin e a primeira-dama, Maria Lúcia Alckmin, o prefeito de São Bernardo, William Dib, e sua esposa, Marilda Dib.
Embora os casamentos tenham sido realizados de forma extremamente rápida, durando em média 5 minutos cada um, o clima de nervosismo e emoção entre os noivos era digno das grandes cerimônias religiosas, lembradas com a marcha nupcial, executada pela Banda Sinfônica Municipal. Na arquibancada do ginásio de esportes, os familiares vibravam, como em dias de jogos.
A estudante Janaína Silva de Oliveira, 16 anos, a noiva mais jovem da cerimônia, contou que escolheu o casamento comunitário para ir contra a tradição. “As outras cerimônias são muito antigas. Não tenho que seguir isso”, afirmou. Para o casamento com o coletor William Adriano, 21, a garota enfrentou a desaprovação inicial da família. “Mas não houve jeito, eles tiveram de aceitar, a gente se casaria de qualquer maneira”, afirmou. Diferentemente da noiva, Adriano demonstrava muito nervosismo. “Quase não consegui assinar os papéis direito, de tanto que tremia”, contou. O casal namorou por quase dois anos.
O sentimento de insegurança não foi exclusividade dos mais jovens e acometeu os marinheiros de segunda viagem, como o aposentado Artur França de Lima. Aos 77 anos, o noivo mais velho da cerimônia se casou pela segunda vez ontem. Minutos antes de assinar os documentos que o uniriam oficialmente à dona de casa Josefa Luzia da Silva, 41, com quem já vive há 20 anos, ele alegava tranqüilidade. “Não há mais nada que me faça ficar nervoso nesta vida”, disse, rindo, à reportagem do Diário. No entanto, quando descia as escadas do palco se atrapalhou em seu passo rápido e quase caiu. “Ele parece uma criança, exceto pela idade”, contou a mulher.
