Do Jornal da Tarde
Professores da rede pública e policiais civis e militares terão vantagem na compra da casa própria. A Secretaria Estadual de Habitação vai apresentar até março um plano de incentivo à ocupação por esses profissionais de bairros que tenham mais problemas com educação e segurança. O anúncio foi feito pelo secretário Lair Krähenbühl, em entrevista exclusiva ao Jornal da Tarde. As Regiões Metropolitanas de São Paulo, Santos e Campinas serão o foco da política habitacional . Ações como regularização e urbanização de favelas serão prioritárias. Está em estudo ainda a mudança na forma de contemplação das unidades habitacionais, que atualmente é feita por sorteio. ‘Nem sempre o sorteio é a maneira mais justa de decidir para quem vai a moradia’, afirma Krähenbühl. Leia a seguir os principais trechos da entrevista:
Incentivo
Policiais militares e civis e professores terão vantagens para morar próximos a lugares onde há problema de segurança e de educação, para reforçar o bairro e evitar grandes deslocamentos pela Cidade. O governo vai oferecer subsídio de 10% a 20% sobre o valor do financiamento. (No caso de policiais, ele cita que há muitos que moram em favelas e nem podem dizer que são PMs por medo de represálias.)
Prioridades
Vamos focar as regiões metropolitanas de São Paulo, Campinas e Santos. O problema mais grave é a favela. Então o primeiro foco é a regularização. É mais importante regularizar que construir. Com um endereço, as pessoas entram para o mercado formal, melhoram o poder aquisitivo e passam a pagar imposto pelo imóvel.
Falta de espaço
Existem no centro expandido regiões deterioradas. Nossa intenção é adquirir áreas do jeito que estão agora, desvalorizadas. Se anunciarmos os locais em que vamos investir, os preços sobem. Mas temos projetos em andamento para o Centro.
Sorteios do CDHU
Nós vamos aprimorar essa política. Quem está em área de risco, por exemplo, tem mais necessidade. É difícil ser justo com sorteio.
Meio Ambiente
A questão das represas Guarapiranga e Billings é problemática. Não temos amparo legal para regularizar as casas. O Comitê de Bacias (órgão que regula as ações nas represas) tem que regular essa ação. Vamos ainda pedir financiamento internacional para projetos nessas áreas. Já a Serra do Mar é uma prioridade. Os moradores correm risco, por causa dos deslizamentos. Um dos biomas mais importantes do mundo está se estragando. Temos que dar uso para as áreas da serra, que podem ser parque, por exemplo. E tirar as pessoas com dignidade. O governo federal tem ação em favelas de Santos, então vamos cooperar também.
Padrão dos apartamentos
Fizemos um acordo com a Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura para tirar a padronização dos prédios. Tem que respeitar onde tem umidade, onde faz mais calor. Outras mudanças são o hidrômetro individual e áreas de lazer em todos os conjuntos.
CATEGORIA COMENTA PLANO
O projeto de financiamento especial para professores e policiais comprarem a casa própria, anunciado pelo secretário, agradou aos representantes das duas categorias.
O cabo Wilson Moraes, presidente da Associação dos Cabos e Soldados do Estado de São Paulo, diz que ações para
tirar os policiais de favelas e cortiços são sempre bem-vindas.
“Seria fantástico se liberassem um financiamento que permita ao policial escolher onde morar. A nossa preocupação é que a área não seja muito próxima das favelas, para garantir a segurança”, disse.
“Há casos em que o oficial vai e volta de casa com a farda
escondida, com medo de represálias.”
Para Carlos Ramiro de Castro, presidente do Sindicato dos
Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo, é importante que o professor faça parte da comunidade. “Isso é bom tanto pela questão do deslocamento como pelo envolvimento maior com a escola”, afirma.
“O programa é importante e pode dar bons frutos, mas isso já foi prometido em outras gestões e nunca fomos beneficiados”, pondera.
Segundo Castro o ideal é que a política de salários seja mais justa, para que o professor consiga comprar a casa própria no lugar em que desejar, sem depender de incentivos.
