Casa popular já recebeu verba de R$ 210 milhões

Gazeta Mercantil - Segunda-feira, 6 de outubro de 2008

seg, 06/10/2008 - 8h59 | Do Portal do Governo

Gazeta Mercantil

Em Ribeirão Preto, cidade de 600 mil habitantes, pólo regional de serviços e de agronegócios, “é muito difícil, senão impossível, acabar com o déficit habitacional.” A afirmação é de Luiz Marcelo de Salles Roselino, que ocupa pela terceira vez a presidência da Companhia Habitacional de Ribeirão Preto (Cohab-RP), sociedade mista vinculada à secretaria de governo da prefeitura municipal.

“Construímos 2 mil casas a mais do que o previsto no início do governo. Mas Ribeirão Preto, além do crescimento orgânico, atrai muita gente”, justifica Roselino. “Para acabar com o déficit, precisaríamos de financiamento para pessoas de baixíssima renda.” Ou seja, para gente que pode pagar quase nada.

Em convênio com a União, através da Caixa Econômica Federal (CEF), com o governo paulista, por meio da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), e ainda com recursos da prefeitura, a Cohab-RP investiu R$ 210 milhões nos últimos três anos na construção de mais de 6 mil casas populares, ao custo médio de R$ 35 mil por unidade. E desta vez a Cohab só construiu em Ribeirão Preto, ao contrário de administrações anteriores, que optavam por construir em cidades vizinhas.

Das 6 mil casas populares, a Cohab já entregou mais de 5 mil a moradores com renda entre um e quatro salários mínimos (que não moravam em barracos). E prevê entregar, entre o final deste ano e o final de 2009, outras mil unidades a moradores de baixíssima renda (esses, sim, favelados).

Assim, o total de 4 mil barracos localizados em 35 núcleos de favelas em Ribeirão Preto está sendo reduzido em 25%, para 3 mil unidades, informa Roselino. Isso se não surgirem novas favelas até a entrega das casas.

Segundo ele, no primeiro ano do governo Welson Gasparini (PSDB), a Cohab não teve como construir e entregar casas. “Levamos um ano para renegociar uma inadimplência de R$ 350 milhões. Aumentamos o prazo da dívida de 60 meses para 20 anos e reduzimos os juros de 6% para 3% ao ano”, conta.

As 5 mil unidades residenciais foram entregues a moradores que teoricamente podem pagar uma prestação mensal entre R$ 150 e R$ 400. Dos 4 mil favelados, 1 mil deverão pagar algo em torno de R$ 70 por mês para sair dos barracos. São moradores do Jardim Aeroporto, que terão de sair da “zona de ruído” do terminal aéreo, e de uma favela no bairro Monte Alegre.

Ribeirão Preto vive um “boom” no mercado imobiliário voltado às classes média e alta. Estima-se que as construtoras adquiriram recentemente terrenos que deverão render vendas acima de R$ 2 bilhões nos próximos 18 ou 24 meses, principalmente na zona sul da cidade. São, em sua maioria, imóveis com preço superior a R$ 200 mil. As construtoras também lançam, em número menor, empreendimentos considerados populares, no valor entre R$ 70 mil e R$ 90 mil, ou seja, mais que o dobro das unidades residenciais da Cohab. Contudo, não houve, até o momento iniciativa pública ou privada capaz de substituir os barracos da paisagem da cidade rica.