Casa de parto de SP comemora 1.668 bebês

O Estado de S. Paulo - Terça-feira, 9 de março de 2004

ter, 09/03/2004 - 10h09 | Do Portal do Governo

Em 2 anos, nenhum óbito foi registrado e apenas 6 gestantes foram transferidas

LUCIANA MIRANDA

Em dois anos de funcionamento, completados ontem, a Casa de Maria – Casa de Parto do Itaim Paulista, no extremo da zona leste da cidade, tem o que comemorar. Nesse período, foram 1.668 nascimentos. Só seis gestantes entraram numa situação de emergência e tiveram de ser transferidas para o Hospital Geral do Itaim Paulista, vizinho da casa. Nunca houve um só óbito.

Todos os nascimentos são de parto normal, sem intervenções como anestesia, corte ou pontos.

A Casa de Maria é um serviço público para gestantes que não são de alto risco e, por isso, podem fazer parto normal, sem nenhum problema. Ontem à tarde, Luciana Corrêa, de 21 anos, estava em trabalho de parto e caminhava com calma pelo jardim da casa – perfumado por jasmins e ao som de água que corre por um chafariz.

Luciana estava na companhia do marido, da filha Gabriele, de 4 anos, e do cunhado. Fosse num hospital, estaria isolada da família e deitada num leito das salas de pré-parto, temidas por boa parte das mulheres que já as conhecem. ‘Estava nervosa até chegar aqui’, diz Luciana. ‘Foi entrar na casa para eu me acalmar.’

Dentro da casa, quatro suítes com banheiras de hidromassagem. São as salas de parto. Depois de dar à luz, mãe e bebê seguem para quartos coletivos. Em média, a permanência das mães na Casa de Maria é de apenas 12 horas. Antes de ter alta, a nova mãe recebe orientações sobre aleitamento materno, planejamento familiar e cuidados com o recém-nascido.

Lençóis cor-de-rosa, paredes creme, portas salmão. A iluminação das salas de parto e dos quartos é suave. ‘É relaxante para a mãe e o bebê’, explica Mitsue Kuroki, gerente obstetriz da Casa de Maria. Foi nesse ambiente que Gustavo nasceu ontem à tarde. Poucos minutos depois já estava mamando no peito da mãe, a recepcionista Alessandra Menezes de Lima, de 24 anos.

É o terceiro filho de Alessandra; o segundo que ela teve na Casa de Maria.

Moradora de Guaianases, Alessandra mora do lado de um hospital, onde poderia ter seu bebê. Mas ela prefere enfrentar pouco mais de uma hora de trânsito para fazer seu parto na Casa de Maria. ‘Somos tratadas com carinho pelas enfermeiras.’ Não há médicos na casa de parto. Tudo é feito por enfermeiras obstetras, profissionais especializadas em trazer bebês ao mundo.

Cesárea – No Rio, a dona de casa Mireillie Figueiredo Jandorno, de 30 anos, mãe de Giovana, de 7 meses, virou defensora das casas de parto depois de ser induzida a fazer uma cesariana. ‘O médico marcou a cesárea, alegando que eu era hipertensa e que meu bebê nasceria grande demais’, conta. ‘Mas ele nunca receitou remédio para controle da pressão e minha filha nasceu com tamanho normal.’ Durante a cirurgia, feita em hospital, Mireillie ouviu o médico dizer: ‘Vamos acabar com esse problema em 30 minutos.’

Cesáreas têm indicação precisa: devem ser feitas quando há risco de morte para a mãe ou para o bebê. No Brasil, em média, 70% dos nascimentos são de cesáreas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a taxa de cesarianas não ultrapasse 15%.