‘Carmina Burana’ abre nova fase da Banda Sinfônica

O Estado de S. Paulo - Quarta-feira, 6 de abril de 2005

qua, 06/04/2005 - 9h02 | Do Portal do Governo

João Luiz Sampaio

Com a peça de Carl Orff, grupo começa a diversificar seu repertório A mais célebre obra de Carl Orff, Carmina Burana, abre hoje a temporada da Banda Sinfônica do Estado de São Paulo. Ultimamente não se tem dito coisas muito bonitas sobre Orff, à medida que sua relação com o regime nazista fica cada vez mais comprovada. O que não tem afetado a popularidade da Carmina Burana, música arrebatadora escrita sobre poemas medievais, interpretados por três solistas (a soprano Adélia Issa, o barítono Sebastião Teixeira e o contratenor Sebastião Câmara), coro (o Coral Lírico Municipal), coro infantil (Coral da Paz) e regência de Abel Rocha.

Após um ano de renovação, o primeiro sob direção de Rocha, a banda agora quer intensificar a proposta de diversidade e voar cada vez mais alto. Para muitos, um grupo composto só por sopros e metais tem repertório limitado. Rocha e seus músicos querem provar o contrário: não apenas há muitas obras escritas para a formação como o trabalho de transposição de peças de orquestra sinfônica para banda sinfônica pode gerar sonoridades e resultados dos mais originais. Um exemplo? A ópera Orfeo, de Monteverdi, montada no ano passado.

O ano, na verdade, começou mais cedo para a banda. Mesmo antes de iniciar a temporada, o conjunto enfrentou duas semanas de estúdio para gravar seu segundo disco, dedicado a autores brasileiros Marlos Nobre e Villa-Lobos entre eles. E, agora, dão início à temporada de assinaturas (informações podem ser obtidas pelo tel. 0–11 3262-0137). ‘O que guia nosso trabalho de concepção da temporada é a diversidade. Queremos ligar a banda a diversas manifestações artísticas, promover a interação’, explica o maestro Abel Rocha.

As apresentações marcadas são prova disso. Em maio, o grupo terá concerto comandado por João Carlos Martins dedicado a Bach. Em junho, o programa Sinfonia de Uma Exposição – interpretação de música inspirada em obras do acervo da Pinacoteca do Estado. Em agosto, Wagner Tiso comanda récita de obras suas. Em setembro, é vez de dar cara sinfônica à música de Luís Gonzaga. A dupla Carlos Moreno e Antonio Lauro del Claro é atração de outubro. E novembro encerra o ano com Il Campanello di Notte, ópera cômica de Donizetti. ‘Acho que nossa grande conquista tem sido alcançar novos públicos e mostrar às pessoas tudo o que uma banda sinfônica pode oferecer. Antes, ninguém sabia que existíamos. Agora, há interesse e o diálogo com outras áreas tem nos ajudado a alcançar uma platéia mais ampla’, diz Abel Rocha.

Serviço

Banda Sinfônica do Estado de São Paulo Apresenta Carmina Burana. Sala São Paulo (1.500 lugares). Praça Júlio Prestes, s/n.º, 3337-5414. Hoje e 6.ª, 21h. R$ 20