Cardíacos supervalorizam o medicamento

Jornal da Tarde - Quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

qui, 28/02/2008 - 15h58 | Do Portal do Governo

Jornal da Tarde

Ingerir uma pílula (ou várias) diariamente ainda é mais fácil do que mudar maus hábitos de vida, como sedentarismo, alimentação inadequada e estresse. Uma pesquisa recém-concluída da Secretaria de Estado da Saúde mostra que pacientes cardíacos têm dificuldade em romper com os hábitos maléficos e crêem que apenas os medicamentos serão suficientes para manter a doença sob controle.

A pesquisa avaliou 3 mil pacientes do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia. E a maior parte dos entrevistados revelou que não segue à risca as orientações do médico, como manter uma dieta pobre em sal e gorduras, se exercitar no mínimo três vezes por semana e manter o estresse sob controle.

‘Este é um comportamento que pode ser observado no mundo inteiro’, diz o cardiologista Fernando Nobre, coordenador da unidade de hipertensão da USP de Ribeirão Preto. ‘Tomar o remédio é uma atitude relativamente fácil, que não exige mudanças drásticas na rotina’, considera Nobre.

Segundo os especialistas, as duas medidas (remédios e comportamentos saudáveis) se complementam e são igualmente importantes. No entanto, se uma pessoa pratica exercícios e se alimenta bem, pode até diminuir ou deixar de tomar os remédios.

Mas são poucos os cardiopatas (pacientes com problemas cardíacos) que conhecem este fato. Entre os entrevistados, 40% não consomem legumes e verduras diariamente e apenas 18% deles consomem alimentos integrais todos os dias. No supermercado, o descaso com a saúde é a mesma: 60% deles não liga se a margarina tem ou não gorduras trans e consome, pelo menos uma vez por semana, grande quantidade de embutidos.

Mais da metade dos entrevistados ( 51%) é totalmente sedentário, ou seja, não se mexe. ‘Tomo meus remédios direitinho, mas não suporto exercícios’, diz a professora Maria Aparecida Bernardo, 57 anos e diagnóstico de hipertensão. ‘Agora vou tentar a caminhada.’

‘Apesar do esforço da equipe médica do Dante Pazzanese em reforçar a importância de bons hábitos de vida, as pessoas não fixam. Elas estão preocupadas com uma atitude pragmática de saúde, com a terapia medicamentosa, que é só parte do tratamento’, afirma o chefe de Nutrição Clínica Daniel Magnoni.

NEM SÓ DE PÍLULA SE FFAZ O TRATAMENTO

Uma boa alimentação deve incluir frutas, legumes e verduras nas refeições. Produtos embutidos ou enlatados estão proibidos. Deve-se restringir o consumo diário de carne a 150g

55% de carboidratos, 30% de gorduras e 15% de proteínas. Esta deve ser, basicamente, a dieta de um cardiopata, segundo a nutricionista Ana Maria Lottenberg, do Hospital Israelita Albert Einstein

Os exercícios físicos devem fazer parte da rotina (um mínimo de 30 minutos de atividade física cinco vezes por semana)

Reduza o colesterol e a obesidade, mantenha a pressão arterial sob controle e reduza a quantidade de sal nos alimentos. ‘Não use saleiro de mesa’, aconselha o cardiologista Fernando Nobre. ‘Mudar um hábito de vida pode representar o controle da doença’.