Capela da Nonna, de Portinari, vai ser restaurada

O Estado de S. Paulo - Quarta-feira, 26 de novembro de 2003

qua, 26/11/2003 - 9h53 | Do Portal do Governo

Construção foi erguida e pintada pelo artista, nos jardins de sua casa, em Brodowski

Gustavo Porto

Brodowski – O Grupo Pão de Açúcar e a Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo anunciaram ontem, no município de Brodowski, no interior do Estado, a parceria para a restauração da Capela da Nonna, parte do acervo do Museu Casa de Portinari. O complexo histórico-cultural fica na cidade onde nasceu o pintor Cândido Portinari, em 29 de dezembro de 1903. A Capela da Nonna foi construída e pintada internamente pelo artista em 1941, nos jardins de sua casa.

“Foi a forma que ele encontrou para que sua avó Maria Sandri Torquato, daí o nome Capela da Nonna) pudesse rezar. Ela estava doente e impossibilitada de ir à igreja”, conta Angélica Fabbri, curadora do museu, tombado pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1968.

Há quatro meses, a curadora alertou o restaurador Júlio Moraes e o arquiteto Toninho Sarasá a respeito do surgimento de uma fissura de meio milímetro do chão ao teto da capela. Semanas depois, ela recebeu o diretor regional do Pão de Açúcar, Paulo Lima, quando ele passava por Brodowski, vindo de Franca, após a inauguração de uma
das lojas da rede.

Família – A obra é formada por oito grandes murais (pinturas feitas na parede) com santos e santas preferidos da avó do pintor, todos com os rostos dos pais, parentes e amigos de Portinari. “Dentro da capela está o Portinari mais íntimo que existe, são obras nas quais ele retrata a família, diferentes dos trabalhos mais conhecidos”, diz Júlio Moraes.

No rosto de São Pedro, Portinari retratou a face de seu pai, Batista Portinari; seu filho, João Cândido, é o menino Jesus nos braços de Santo Antonio de Pádua, – com o rosto de um amigo do pintor. Além dos murais, em cada lado do pequeno altar, Portinari pintou dois vasos com flores.

A restauração será a terceira feita na Capela da Nonna e a primeira de grande impacto. O arquiteto Sarasá terá de tirar todo o peso do telhado das paredes, principalmente do local da rachadura. “Vamos usar estruturas paralelas para aliviar a pressão sobre as paredes”, disse o arquiteto, especialista em restaurações. Além disso, as paredes, feitas apenas de tijolo e barro, serão reestruturadas com uma tela e uma massa de cimento. O Grupo Pão de Açúcar não divulgou o valor do investimento. As obras devem durar 60 dias.