Capão Bonito planta tangerina sem sementes

O Estado de S. Paulo - Suplemento Agrícola - Quarta-feira, 18 de fevereiro de 2004

qua, 18/02/2004 - 8h58 | Do Portal do Governo

Dez mil plantas foram instaladas no início do projeto. Intenção dos produtores é exportar

JOSÉ MARIA TOMAZELA

Cinco produtores rurais da região de Capão Bonito, no sudoeste de São Paulo, foram selecionados pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado para o desenvolvimento de um projeto de produção de tangerinas sem sementes. Os primeiros plantios começaram no início de fevereiro, com mudas desenvolvidas pela empresa GMB, de Limeira. Até a metade do ano, estarão no campo as 10 mil plantas da primeira fase.

Três anos – As mudas, das variedades satsuma, clementina nulis, tangelo nova e tangor ortanic, devem entrar em produção num prazo de três anos. De acordo com a pesquisadora Rose Mary Pio, do Centro Avançado de Pesquisas Tecnológicas do Agronegócio do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), também conhecido como Centro de Citricultura, os plantios estão sendo feitos de acordo com técnicas rigorosas para garantir o isolamento dos pomares.

Ela explica que a presença, em áreas próximas, de plantas cítricas com sementes, pode ‘contaminar’ a produção das novas variedades. Elas passariam a dar frutos com sementes, o que comprometeria todo o trabalho de desenvolvimento do projeto.

Segundo a pesquisadora, a região foi escolhida porque é, no Estado de São Paulo, a mais adequada para a produção desses citros. ‘Por causa da amplitude térmica, os frutos saem mais coloridos e com sabor mais acentuado em razão da maior acidez.’ É o tipo de fruta que agrada ao paladar dos europeus, mercado mais visado pelos produtores.

Alguns dos que foram selecionados já exportam laranjas e tangerinas com sementes. Os frutos destituídos dos caroços têm maior valor agregado. Rose Mary lembra que o Brasil importa, atualmente, tangerinas sem sementes do Uruguai. ‘Existem, portanto, nichos a serem atendidos também no mercado interno.’ Segundo ela, esses pomares vão servir de laboratório para a futura expansão das culturas. ‘Como é algo novo, praticamente não há literatura a respeito.’

No Rio Grande do Sul, alguns produtores já cultivam tangerinas sem sementes, mas não se trata de um projeto integrado, como o de São Paulo. ‘Aqui vamos ter selo, embalagem e tudo o mais.’