Câncer de cólon é diagnosticado tardiamente

Jornal da Tarde

qua, 30/09/2009 - 8h13 | Do Portal do Governo

Se descoberta precocemente, doença tem 80% de chances de cura 

A maioria dos casos de câncer do cólon e do reto diagnosticados no Estado de São Paulo está na fase avançada, o que dificulta o tratamento e reduz as chances de cura. O levantamento foi feito em 2007 a partir de dados da Fundação Oncocentro de São Paulo (Fosp), da Secretaria de Estado de Saúde e divulgado ontem. 

Mais da metade dos pacientes (55%) diagnosticados estava nas fases 3 e 4 da doença (estágio avançado), contra 45% das fases 1 e 2 (estágio inicial). Para o levantamento, foram analisados 2.636 casos armazenados no Registro Hospitalar de Câncer (RHC), banco de dados com registros de câncer diagnosticados e tratados nos hospitais públicos estaduais. 

Diretor do Departamento Cirúrgico do Hospital Brigadeiro, Ricardo Abdalla, diz que, nos estágios iniciais, a chance de cura chega a 80%. “Sem o diagnóstico precoce, a chance cai para baixo de 50%.” O tratamento, dependendo do caso, é feito a partir de rádio ou quimioterapia e cirurgia. 

O câncer colorretal também aumentou nos últimos 20 anos, segundo revelou o levantamento, entre homens e mulheres (veja ao lado). Segundo o cirurgião oncologista Samuel Aguiar Junior, do Hospital A.C Camargo, a adoção de hábitos de vida não saudáveis predispõe à doença. São eles: alimentação rica em gordura animal e pobre em fibra, sedentarismo, tabagismo e alcoolismo. Outro motivo que explica o aumento do câncer colorretal é o envelhecimento da população. “O câncer colorretal tem aumentado nos países em desenvolvimento, onde a doença está estabilizada porque, nesses lugares, a população vem adquirindo hábitos não saudáveis .” 

Aguiar Junior explica que a doença pode ser descoberta a partir de sintomas como cólicas ou sangue nas fezes. “Mas são sintomas que se confundem com outras doenças.” Outro problema é que, quando eles aparecem, a doença pode estar avançada. 

O diagnóstico precoce é feito de duas formas antes do aparecimento de sintomas a partir do rastreamento em pessoas com grupo de risco – a partir dos 50 anos: exame de colonoscopia (lesões no intestino são investigadas por câmera introduzida no ânus do paciente) e exame de sangue oculto nas fezes. Aguiar Junior explica que o primeiro é mais eficiente, mas difícil de ser utilizado em larga escala nos hospitais públicos. 

Pessoas com histórico familiar da doença devem ter cuidado redobrado. O especialista em oncologia do A.C Camargo diz que, a partir dos 50 anos, deve-se fazer exame de fezes anual. A colonoscopia, a cada 5 anos. “Ao contrário de tumores no pâncreas e no pulmão de difícil cura em qualquer estágio, o câncer colorretal tem grande chance de cura se detectado precocemente.”