Campos do Jordão: Internacional e mais erudito, Festival de Inverno volta ao Palácio Boa Vista

ValeParaibano - São José dos Campos - Quarta-feira, 2 de junho de 2004

qua, 02/06/2004 - 9h23 | Do Portal do Governo

Festival de Campos do Jordão muda de nome, dá mais peso à formação dos músicos e devolve as apresentações ao Palácio Boa Vista

Felipe Conrado, de Campos do Jordão

Com um novo diretor artístico, Roberto Minczuk, e a proposta de aproximar os alunos bolsistas dos grandes nomes da música clássica, foi lançado ontem em São Paulo o Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão, que ganha novo nome em sua 35ª edição, que acontece entre os dias 3 e 25 de julho.

O maestro Roberto Minczuk, a secretária de Estado da Cultura, Cláudia Costin, o coordenador geral do festival, Clodoaldo Medina, e o prefeito de Campos do Jordão, Lélio Gomes (PSB) estiveram presentes na entrevista coletiva de anúncio da programação. Em seus discursos, um ponto comum: para eles, o evento desse ano vai ser um marco na história do festival.

Um dos primeiros pontos que demonstram as mudanças do tradicional festival é o grande número de candidatos inscritos para concorrer às 160 bolsas de estudo. ‘Houve um aumento expressivo. Pelo nosso último levantamento, são 1.171 inscritos, sendo 170 de outros países da América Latina. Nos anos anteriores, beiravam 300 inscrições’, afirmou o coordenador geral do festival Clodoaldo Medina.

Ele anunciou um investimento de R$ 2,5 milhões, que segundo a organização vai ser bancado em sua maioria por patrocinadores como a Tim e a Sabesp. O valor fica na média das duas últimas edições, que tiveram R$ 2,2 milhões (2003) e R$ 2,7 milhões (2002).

A largada do festival é no dia 3, às 21h, com apresentação da OSESP (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo) no auditório Cláudio Santoro.

CRIA DO FESTIVAL – O nome de Minczuk como diretor artístico do festival tem um significado forte. Além de ser reconhecido internacionalmente, com o cargo de regente associado da Filarmônica de Nova York e com larga experiência no exterior, ele desabrochou para a música no festival, quando tinha 11 anos, nos primórdios do evento, em 1978.

‘Sou apaixonado pelo festival, ele me traz muito boas lembranças. Ele vai passar a ter uma identidade, com um relacionamento forte entre músicos, alunos e público, que o torna diferente. Os músicos de fora vão estar mais presentes e as ‘masterclasses’ vão ser gratuitas. O festival resgata sua vocação de fomentador e preparador de novos músicos, mas também inova, trazendo grupos residentes. Já estamos trabalhando na elaboração dos festivais de 2005 e 2006′, disse.

Minczuk tem planos ambiciosos. Ele quer colocar em prática um projeto antigo que criaria uma infra-estrutura maior, que possibilitaria um trabalho pedagógico mais efetivo.

‘Uma das maiores ambições é terminar o projeto inicial, que prevê salas de aula e alojamentos. Vamos lançar essa campanha, pois o espaço já existe, em volta do auditório. Precisamos ter uma sede própria. Com isso, poderemos incentivar grupos da região, dando possibilidade de aprimoramento’, disse ele, ressaltando a necessidade de patrocínios para viabilizar a proposta.

PROGRAMAÇÃO – As atrações do festival vão poder ser vistas no auditório Cláudio Santoro, na Praça do Capivari – que ganhou uma nova estrutura, que possibilita a apresentação de orquestras de porte maior -, nas igrejas de Santa Terezinha e São Benedito e no Palácio Boa Vista, primeiro palco do festival, e que este ano volta a receber espetáculos.

Vão passar pelos palcos grupos como o Quinteto de Metais da Filarmônica de Nova York, o Quarteto Amazônia, o Duo suíço Con-Texto, John Neschling, Nelson Freire, Antonio Meneses, Jean-Louis Steueman e as orquestras Sinfônica do Estado de São Paulo, Sinfônica de Campinas, Petrobras Pró-Música, entre muitos outros.

Os músicos vão dar uma atenção especial à obra de Haydn, com a promessa da apresentação de uma ópera inédita, e o compositor residente Marlos Nobre, além de ter suas obras apresentadas, vai compor uma peça inédita durante o festival. O encerramento ocorre na Sala São Paulo, na capital, com uma orquestra formada pelos bolsistas, sob regência de Minczuk.

Serviço – Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão

De 3 a 25 de julho em Campos do Jordão. Os ingressos começarão a ser vendidos 15 dias antes do início do evento. Os preços variam de R$ 10 a R$ 80. Mais informações no site www.festivaldeinverno.sp.gov.br