Campanha contra paralisia infantil continua hoje

Jornal da Tarde - 16/06/02

dom, 16/06/2002 - 12h35 | Do Portal do Governo

Nem o frio da manhã de ontem nem a ansiedade para assistir à primeira apresentação escolar da filha Dora, de 1 ano e meio, fizeram o geógrafo Luís Eduardo Numes Martins desistir de dar uma passadinha pelo Centro de Saúde de Pinheiros para vacinar sua filha contra a paralisia infantil (poliomielite), aproveitando a campanha de vacinação. ‘A festinha junina vai ter de esperar, o mais importante é atualizar a carteira de vacinação das crianças’, diz Martins, que também levou o filho Pedro, de 3 anos, para receber as duas gotinhas da vacina Sabin.

Como a unidade de Pinheiros, outros 950 postos espalhados pela capital engajaram-se na campanha de reforço para imunização contra a poliomielite, organizada pela Secretaria Estadual de Saúde, como parte de uma campanha nacional. ‘Todo os dias os postos estão vacinando as crianças, mas escolhemos dois dias especiais para intensificar o movimento, colocando postos extras em supermercados, escolas e metrôs’, conta o Secretário Estadual da Saúde José da Silva Guedes, que ontem visitou a unidade de Pinheiros e outros postos da região.

Além dos pais, quem também aprovou a iniciativa foi o vendedor de balões Francisco Gonçalves, que chegou à unidade de Pinheiros às 6h, duas horas antes do início da vacinação. ‘Estou vendendo bem porque as crianças vêm tomar a vacina e acabam ganhando balões.’

A movimentação contra a poliomielite na capital continua hoje, com atendimento em apenas dois postos. Um deles está instalado na Estação Tietê do metrô e deve funcionar das 8h às 22h, o outro vai atender das 8h às 20h, na Estação Barra Funda do metrô.

A segunda fase começa dia 24 agosto. Com a iniciativa, a Secretaria pretende vacinar 3,4 milhões de crianças menores de 5 anos e superar a média de vacinação do ano passado, que ficou em 94% . ‘Mobilizamos veículos e até barcos para atender os lugares mais distantes e também encomendamos 5 milhões de doses’, diz Guedes.

Sem casos da doença desde 1989

Em todo País são cerca de 130 mil pontos de vacinação. Com a ajuda de 510 agentes, entre servidores e voluntários, espera-se evitar que o vírus transmissor da poliomielite volte a fazer vítimas no Brasil, que não registra casos da doença desde 1989. Existem muitas ocorrências em algumas partes do mundo, como na Índia, Paquistão e Nigéria.

O secretário aproveitou para lembrar que ainda não existe tratamento para a pólio, somente prevenção. ‘ A vacinação ainda é a única forma de ficar livre da doença.’

Para todo o Brasil, o Ministério da Saúde destinou R$ 22,4 milhões para a primeira etapa da campanha, que recebeu o slogan ‘De gota em gota o Brasil vence a pólio’. Incentivando campanhas semelhantes à brasileira em outros países, a Organização Mundial de Saúde estima que a doença deva estar erradicada em 2005.