Caminho do Mar será liberado com passeios grátis

Jornal da Tarde - Sexta-feira, 16 de abril de 2004

sex, 16/04/2004 - 9h18 | Do Portal do Governo

MARISA FOLGATO

Depois de dez anos de ‘namoro’ apenas através do portão, sem nunca poder ultrapassá-lo, a partir de amanhã vai ser liberado, enfim, o acesso ao Caminho do Mar. A caminhada por 8 quilômetros da Estrada Velha de Santos, entre a Represa Billings (São Bernardo) e Cubatão, será restrita a convidados no primeiro dia. Mas quem quiser pode agendar visitas pelo telefone a partir da semana que vem, de terça-feira a domingo.

E há roteiros para todos, desde que os carros fiquem estacionados na entrada do circuito. De ‘atletas’ dispostos a percorrer 16 quilômetros em sete horas, ida e volta, enfrentando uma subida de tirar o fôlego no retorno, a sedentários assumidos, que farão o percurso inteiro a bordo de microônibus em duas horas. Outra opção é ir caminhando e voltar de microônibus. Há ainda a possibilidade de visitar a Usina Henry Borden.

Tudo grátis, pelo menos no começo. ‘A intenção é cobrar ingresso no futuro, mas a sobrevivência vai depender mesmo de parcerias com a iniciativa privada’, diz o assessor da presidência da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae), Paulo Fares. Ele é um dos coordenadores do projeto Caminhos do Mar Pólo Ecoturístico, desenvolvido em área do Parque Estadual da Serra do Mar, que pertence à Emae.

Qualquer que seja a escolha, uma certeza: um cenário estonteante que corta a mata atlântica em plena Serra do Mar, entremeado de quedas d’água e vistas da Baixada Santista, de São Vicente à Praia Grande.

Controle de turistas

Enquanto o plano de manejo do empreendimento não é aprovado pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema) – ele está sendo feito pelo Instituto Florestal -, as visitas são apenas para grupos pequenos. ‘No máximo 100 pessoas por dia, de terça a sexta-feira, e 200 por dia, aos sábados e domingos’, explica Fares. No caso da usina, são apenas 30 visitantes diários. Todos os roteiros funcionam das 8 às 17 horas.

Os passeios são acompanhados por monitores que, além de dar explicações sobre a flora e fauna da mata atlântica, falam também dos monumentos, construídos em 1922, para comemorar o centenário da Independência do Brasil, que marcam a estrada em vários trechos. Há o Monumento do Pico, o Pouso Paranapiacaba (mais conhecido como Casa de Pedra), Belvedere Circular, Rancho da Maioridade, Padrão do Lorena, o Pontilhão Raiz da Serra e o Cruzeiro Quinhentista. Os dois últimos já em Cubatão.

Mas os visitantes devem ficar decepcionados com o estado dos monumentos, muito pichados e estragados pela ação de vândalos.

‘Já foi autorizada a utilização, pela Lei Rouanet, de R$ 3,5 milhões para o restauro, mas ainda dependemos de parcerias com a iniciativa privada para iniciar a obra’, afirma Fares.

A estrada está em boas condições, depois que deslizamentos de terra arrancaram dois trechos inteiros em 1994, interditando a passagem. Foram feitas duas pontes com base de madeira e recobertas de concreto. A reforma foi feita pela Dersa no ano passado. Mas ontem ainda havia operários instalando telas de proteção nas laterais do abismo da Serra do Mar.