Cai nº de adolescentes grávidas no Estado

A Tribuna - Quinta-Feira, 23 de Junho de 2005

qui, 23/06/2005 - 10h45 | Do Portal do Governo

MARCEL MERGUIZO
Da Reportagem

Casos de gravidez entre adolescentes paulistas estão diminuindo ano após ano. Segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde, em 2004 o número de grávidas com menos de 20 anos foi 27,9% menor em relação a 1998: 148.019 contra 106.737.

O número de nascimento de filhos de mães entre 10 e 19 anos corresponde, hoje, a 17% dos partos realizados no Estado. No Brasil, esse número chega a 27%, e São Paulo é o estado com os melhores índices, chegando próximo, inclusive, a dados referentes aos Estados Unidos: 14%.
Esse resultado positivo observado nos últimos anos pela pesquisa da Secretaria de Estado da Saúde é reflexo de um trabalho direcionado a aspectos físicos, psicológicos e sociais dessas adolescentes.

‘‘Os adolescentes conhecem os métodos anticoncepcionais. Mas não usam, porque os meninos têm medo de falhar usando camisinha e as meninas, de não agradar. Havia muita insegurança. Então, investimos no diálogo, na negociação, a reflexão é importante’’, explica a médica Albertina Duarte Takiuti, coordenadora do Programa de Saúde do Adolescente do governo paulista.

Na Capital, por exemplo, as adolescentes (não só as grávidas) têm um serviço especializado: a Casa do Adolescente. Lá, eles encontram médicos, dentistas, fonoaudiólogos, assistentes sociais, enfermeiros, psicólogos e professores preocupados com a orientação sexual dos jovens.

Há nove anos, inclusive, foi criado o Disk-Adolescente (11) 3819-2022. Por esse telefone, os adolescentes tiram suas dúvidas sobre sexualidade com profissionais da área.
‘‘Os adolescentes precisam de espaço para conversar. Por isso, abrimos as discussões, independentemente da idade. São grupos que discutem problemas comuns a todos eles. Não adianta os pais mandarem o filho usar camisinha, pois o que dá resultado é o diálogo entre eles. É a mudança do eixo de discussão’’, afirma Albertina.

Outra queda registrada pela Secretaria de Estado da Saúde é a gravidez em meninas com idade entre 10 e 14 anos. Comparando-se 2004 com 1998, a diminuição no número de casos chega a 28,7%. Foram 3.229 meninas grávidas nessa faixa etária no ano passado, contra 4.528 em 98.

‘‘Crianças de 10 anos já mandam cartas para garotos dizendo: Oi, gostosão, estou afim de você’’, conta Albertina. Por esse motivo, além da informação, que eles têm, precisamos acolher esses adolescentes e mudar o eixo das discussões’’, emenda.

Tendência nacional

Tal redução nos casos de gravidez entre adolescentes é uma tendência nacional. Pelo menos é o que foi verificado pelas pesquisadoras Elza Berquó, do Núcleo de Estudos da População, da Unicamp, e Suzana Cavenaghi, da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (Ence) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, em 2003, havia 81 mulheres grávidas para cada grupo de mil adolescentes entre 15 e 19 anos. Em 1999, quando foi verificado o pico de adolescentes grávidas no País, a taxa era de 90,5 por mil. Os índices, no entanto, ainda são preocupantes se comparados com outros países.