Cães-guia: Alckmin pede cumprimento da lei

Jornal da Tarde - Sexta-feira, 30 de abril de 2004

sex, 30/04/2004 - 9h21 | Do Portal do Governo

GIOVANNA BALOGH

A analista Thays Martinez, 30 anos, deficiente visual, foi barrada na última segunda-feira quando tentava entrar com seu cão-guia Bóris na Estação Vila Madalena do Metrô. O constrangimento do início da semana se transformou numa vitória ontem: o governador Geraldo Alckmin (PSDB) solicitou à Secretaria de Estado da Justiça e Defesa da Cidadania providências para regulamentar a Lei Estadual que permite o acesso de cães-guia em transportes e prédios públicos.

Alckmin também determinou à Companhia do Metropolitano de São Paulo que oriente funcionários para que atendam melhor aos usuários com necessidades especiais. Para Thays, a atitude do governador vai fazer com que os direitos dos portadores sejam mais respeitados. ‘Com isso, vi que vale a pena não desistir de lutar’, disse. Há quatro anos ela conseguiu uma liminar para andar nos transportes públicos acompanhada do labrador Bóris, mas disse que, por diversas vezes, funcionários de estações do Metrô a deixaram constrangida.

Com a sensibilidade dos governantes, Thays acredita que será possível aumentar o número de cães-guia no Brasil. Hoje são apenas 17 porque não há quem os treine. ‘Tenho um projeto de construir uma escola de cães-guia para ajudar os cegos a conquistar mais independência.’

A analista explica que com um cão-guia é possível viver sem tanta ajuda da família. Com Bóris, por exemplo, ela vai sozinha de casa para o trabalho atravessando ruas e utilizando os transportes públicos. Nos ônibus ela também já enfrentou o preconceito. Nesse caso, porém, foi amparada por uma lei municipal que permite o acesso de cães-guia em lotações, táxis e ônibus.

O diretor de operações interino do Metrô, Renato Viegas, garantiu que o problema com a usuária foi um grande mal-entendido. Ele explicou que o Metrô sempre deu atenção diferenciada aos portadores de deficiências. ‘Temos elevadores e funcionários treinados para ajudá-los’, detalhou.

Como trabalha com transporte de massa, Viegas acredita que podem acontecer problemas como o caso da analista Thays. Ela foi questionada pelo supervisor de estação da Vila Madalena se não estava com o adestrador do cão. Um amigo de Thays se passou pelo treinador do cão. O funcionário informou que, se estivesse sozinha, a analista não poderia seguir viagem.