Butantã fará vacina contra a gripe

A Tribuna - Santos - Sexta-feira, 12 de novembro de 2004

sex, 12/11/2004 - 8h42 | Do Portal do Governo

Da Reportagem

A primeira fábrica de vacina contra gripe do Hemisfério Sul será instalada no Instituto Butantã, na Capital. O empreendimento terá capacidade para atender a toda a demanda nacional, além de exportar o medicamento para o exterior. O anúncio da construção da fábrica foi feito na última quarta-feira pelo governador Geraldo Alckmin e pelo secretário de Estado da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata.

Em Santos, a vacina é distribuída a pessoas com mais de 60 anos, durante a Campanha de Vacinação Contra a Gripe, que ocorre todos os anos, geralmente no outono. A última foi realizada entre os dias 17 de abril e 5 de maio, com a aplicação de 54 mil doses, atingindo 84% da população idosa.

Fabricação

A fabricação dos medicamentos terá início no segundo semestre de 2006 e as doses começarão a ser utilizadas a partir de 2007.

Segundo o diretor do Instituto Butantã, Otávio Azevedo Mercadante, a nova fábrica de vacinas terá capacidade de produzir 40 milhões de doses por ano. ‘‘Desse total, 20 milhões serão para atender toda a demanda nacional e o restante será exportado’’.

Essa iniciativa pode gerar economia de R$ 100 milhões anuais ao cofres públicos do País, pois o Governo deixará de comprar o insumo do exterior. Atualmente, a vacina contra gripe consumida pelos brasileiros é comprada na França.

De acordo com o diretor, 81% das vacinas fabricadas no Brasil são feitas no Butantã. ‘‘Todos os anos são fabricadas 180 milhões de doses das vacinas tríplice (difteria, coqueluche e tétano), dupla (difteria e tétano), hepatite B, BCG, raiva’’.

Investimentos

O Governo do Estado fará um investimento de R$ 19 milhões para reformar e a ampliar o galpão onde será instalada a fábrica, que terá 9.876,77 metros quadrados.

Outros R$ 30 milhões serão disponibilizados pelo Ministério da Saúde para a aquisição de equipamentos de última geração. Sessenta profissionais especializados serão contratados para trabalhar no local. As obras no local começarão até o final deste mês e devem durar 11 meses.

Outros imunizantes

Além dos produtos contra a gripe, o Butantã, em parceria com o Instituto de Saúde dos Estados Unidos, desenvolverá imunizantes contra outros agentes causadores de doenças, a partir deste ano.

Serão as vacinas: rotavírus (microorganismo que causa a diarréia); HPV (vírus que pode causar câncer no colo do útero); coqueluche; coqueluche e hepatite B (juntas em uma só vacina); Pneumonia; além da DTP (difteria, tétano e coqueluche) e hepatite B.

Ministério estuda reforço no Programa Nacional de Imunização

Uma nova vacina poderá fazer parte do calendário oficial de imunização do País a partir de 2005. O Ministério da Saúde está estudando a possibilidade de incluir no Programa Nacional de Imunização doses gratuitas de uma dessas quatro vacinas: contra o rotavírus (que causa diarréia e desidratação); varicela (ou catapora); pneumococo (causa pneumonia e meningite) e meningococo (meningite).

No entanto, a decisão dependerá de uma avaliação custo-benefício, que está sendo efetuada pela Secretaria de Vigilância em Saúde. Até o final deste ano, o órgão deverá concluir se é viável ou não a inclusão das doses em campanhas de vacinação em massa.

Segundo informações da secretaria, é importante levar em conta o alto custo das doses, mas também o quanto elas podem evitar os sorotipos (diferentes tipos de agentes) frequentes no País.

Atualmente, fazem parte do calendário oficial a BCG (tuberculose), hepatite B, poliomielite, Hib (meningite), tríplice bacteriana (difteria, tétano e coqueluche), febre amarela (em áreas endêmicas) e tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola). Esta última, o governo paga R$ 4,00 por dose.

Já uma dose da vacina contra o meningococo (tipo C) custa, em média, R$ 160,00 em laboratórios particulares. As vacinas contra o pneumococo têm doses que variam entre R$ 60,00 a R$ 260,00, dependendo da faixa etária; enquanto que a dose única da que age contra a varicela sai por cerca de R$ 100,00.

A intenção do Ministério é garantir negociações com os laboratórios produtores, adquirindo grandes quantidades a preços menores. Ainda segundo a Secretaria de Vigilância em Saúde, mesmo que as vacinas não sejam incluídas no calendário do próximo ano, as negociações serão iniciadas, tendo em vista que obter um fornecimento de milhões de doses exige tempo.