Brasil vai produzir vacina contra a gripe

O Estado de S. Paulo - São Paulo - Quinta-feira, 11 de novembro de 2004

qui, 11/11/2004 - 9h15 | Do Portal do Governo

Alckmin formaliza autorização para obras da primeira fábrica do medicamento do Hemisfério Sul, no Instituto Butantã

Cláudia Ferraz

O Brasil terá a primeira fábrica de vacina contra a gripe do Hemisfério Sul. A autorização para o empreendimento, que ficará no Instituto Butantã, foi formalizada ontem pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. A fábrica terá capacidade para atender a toda a demanda nacional, além de poder exportar o medicamento. O Butantã, em parceria com o Instituto de Saúde dos Estados Unidos, também divulgou um pacote de vacinas inéditas no Brasil.

Segundo o secretário estadual da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata, a produção terá dois lotes, totalizando 40 milhões de doses. ‘Metade será para o Hemisfério Norte e os outros 20 milhões de doses vão para consumo nacional.’

O governador Alckmin explicou que, hoje, a vacina contra a gripe consumida pelos brasileiros é comprada da França e distribuída gratuitamente para pessoas com mais de 60 anos. De acordo com ele, a fábrica brasileira produzirá o medicamento também para crianças de até 2 anos. Além disso, o preço das doses para idosos diminuirá um terço, completou.

Para o diretor-presidente do Instituto Butantã, Isaías Raw, a fábrica brasileira chega na hora certa. ‘O mundo está extremamente preocupado com a limitação da oferta de vacina da gripe e a iniciativa brasileira chegou no momento exato. As principais fábricas que funcionavam na Inglaterra foram interditadas, portanto o Hemisfério Norte não tem a vacina.’

A reforma e a ampliação do galpão onde será instalada a fábrica, com quase 10 mil metros quadrados, terá um investimento de R$ 19 milhões do governo do Estado. O governo federal vai providenciar os equipamentos do laboratório, investindo para isso R$ 30 milhões. De acordo com Barradas, a economia será de RS$ 100 milhões anuais. ‘Deixaremos de comprar no exterior e poderemos comprar do Instituto Butantã. E ele poderá utilizar os recursos para desenvolver novas vacinas e novas tecnologias.’

O governador disse ainda que as obras começam até o fim deste mês e deverão durar 11 meses. Segundo ele, depois de passados os processos legais, a fabricação terá início em 2006 e as vacinas poderão ser utilizadas a partir de 2007. Para Alckmin, a fábrica será importante pela tecnologia que o Brasil vai adquirir e pela diminuição do custo da vacina.

HEMODERIVADOS

Ele anunciou também a possibilidade da construção de uma fábrica de produtos derivados do sangue. ‘Já estamos trabalhando para a produção de hemoderivados. Hoje mandamos o plasma para a Europa e para os Estados Unidos e compramos os fatores do sangue.’

Em parceria com o Instituto de Saúde dos Estados Unidos, o Butantã vai desenvolver também imunizantes contra outros agentes causadores de doenças: rotavírus (microorganismo que causa diarréia violenta); HPV (vírus que pode causar câncer no colo do útero); coqueluche; coqueluche e hepatite B, juntas em apenas uma vacina; pneumonia; e difteria, tétano e coqueluche (TDP) e hepatite B, as quatro numa vacina só. Os medicamentos começarão a ser produzidas no fim deste ano.