Brasil participa de inventário internacional de aranhas

Folha de São Paulo - Quinta-feira, dia 9 de novembro de 2006

qui, 09/11/2006 - 15h20 | Do Portal do Governo

EDUARDO GERAQUE

DA REPORTAGEM LOCAL

O Instituto Butantan, de São Paulo, e o Museu Paraense Emílio Goeldi são as duas instituições brasileiras convidadas a fazer parte da primeira rede mundial de estudo de aranhas. A iniciativa, que nasceu no Museu Norte-Americano de História Natural, em Nova York, vai reunir pelos próximos quatros anos mais de 30 cientistas.

Ao todo, 16 centros de pesquisa, representando nove países, participarão do projeto. As pesquisas devem consumir um orçamento de US$ 2,6 milhões. Todos os recursos serão captados nos Estados Unidos.

“Essa é uma iniciativa inédita no mundo. Vai ser estudada apenas uma família de aranhas, a Onopidae, que ocorre em todos os continentes, com exceção da Antártida”, disse à Folha Antonio Domingos Brescovit, pesquisador do Laboratório de Artrópodes do Butantan. Ele é um dos brasileiros que vão participar do projeto, que tem ainda cientistas de outras instituições nacionais além das duas convidadas.

O grande inventário mundial desses animais, que têm só 3 milímetros, promete revelar informações importantes aos pesquisadores. Uma vez que muitos grupos da família estudada têm uma distribuição geográfica restrita, essas espécies são consideradas excelentes indicadores de biodiversidade. Isso significa que elas poderão ser usadas, no futuro, para a delimitação de áreas importantes para a conservação, por exemplo.

“Esse é um grupo muito desconhecido. Apenas aqui no Estado de São Paulo, nos últimos três anos, foram coletados 2 mil exemplares dentro do Programa Biota-Fapesp, tanto na mata atlântica quanto no cerrado”.

Segundo Brescovit, a estimativa é de que possa haver dentro desse material seis gêneros novos e 300 novas espécies. “A América do Sul é a região mais rica nesse grupo”, explica o pesquisador. Das mais de 5.000 espécies que existem hoje no mundo, apenas 200 já foram devidamente estudadas.

A participação do país no inventário internacional, que será feito ainda por África do Sul, Argentina, Austrália, Bélgica, Finlândia, Holanda e Suíça, tem outras vantagens. “Ela será importante na formação de recursos humanos e na repatriação de exemplares que estão fora do país há 40 anos”.