Bombeiros passam a ter desfibrilador portátil

Correio Popular - Campinas - Terça-feira, 23 de novembro de 2004

ter, 23/11/2004 - 9h41 | Do Portal do Governo

Dois equipamentos, comprados por R$ 6 mil cada, serão instalados no pronto-atendimento da Rua José Paulino e do Taquaral

Angela Kuhlmann
Especial para a Agência Anhangüera

O Corpo de Bombeiros de Campinas passa a contar com desfibriladores portáteis em duas das quadro viaturas de resgate da corporação. Um ficará no pronto-atendimento da Rua José Paulino e outro, no Taquaral. Os aparelhos, que dão descargas elétricas capazes de restabelecer as batidas do coração de um enfartado, foram comprados por meio de um convênio firmado entre a corporação e a Prefeitura, que pagou R$ 6 mil por cada um, por solicitação dos próprios bombeiros.

O oficial de treinamento e operação do 7º grupamento do Corpo de Bombeiros, te-nente Helmer Kaffer, disse que o modelo escolhido é o único que pode ser operado por quem não é médico. “Os bombeiros que atuam nas viaturas já receberam treinamento da Sociedade Brasileira de Cardiologia e estão aptos a fazer o atendimento”, disse ele.

O tenente afirmou também que os locais escolhidos para posicionar os equipamentos são aqueles estatisticamente mais recomendáveis a partir do histórico das ocorrências. “Como o tempo de atendimento se esgota em cinco minutos, baseamos a localização das viaturas em locais onde conseguimos chegar em menos tempo do que isso”, afirmou Kaffer. No entanto, ele esclareceu que em qualquer dessas ocorrências é feito o procedimento manual de recuperação e estabilização do batimento cardíaco.

Segundo o bombeiro, de janeiro a outubro deste ano, a corporação prestou 6.064 atendimentos. Desse total, 750, ou seja, 12,37%, estão dentro de quatro tipos nos quais é bom ou mesmo imprescindível ter o aparelho em mãos: problemas cardíacos (56), emergências respiratórias (56), parada cardio-respiratória (79) e emergências clínicas diversas (563).

Desconhecido dos brasileiros há até pouco tempo, o desfibrilador virou assunto nacional após a morte em campo do zagueiro Serginho, do São Caetano, em virtude de um ataque cardíaco fulminante no dia 27 de outubro. A necessidade de aproximar o aparelho da população passou a ser discutida em vários âmbitos, inclusive no político. O desfibrilador tornou-se objeto do Projeto de Lei 603/04, do vereador Paulo Oya (PSB), enviado para a análise da Comissão de Constituição, Legalidade e Redação da Câmara Municipal de Campinas no dia 16 passado e que deverá ser votado somente no próximo ano.

A proposta de Oya determina a obrigatoriedade do aparelho em locais de grande circulação pública, como estádios, ginásios, shopping centers e hipermercados, além da Rodoviária e do Aeroporto Internacional de Viracopos. O uso correto do aparelho pode aumentar a possibilidade de sobrevida de uma pessoa em até 85%.

Mortes

De acordo com informações da Sociedade Brasileira de Cardiologia e da Fundação Interamericana do Coração, 820 pessoas morrem por problemas do coração diariamente no Brasil. Este mal representa 38% das mortes de homens e 29% de mulheres no País. De todos os enfartados atendidos, 49% chegam com vida aos hospitais e podem ter o seu quadro revertido.

O surgimento de desfibriladores portáteis tornou mais fácil a sua utilização. Totalmente computadorizado, o aparelho em contato com o tórax do paciente indica a necessidade ou não dos choques. Caso isso precise ser feito, as descargas são liberadas para interromper os batimentos cardíacos instáveis por algumas frações de segundos e, logo em seguida, restabelecer o ritmo normal.

No âmbito federal, também tramita no Senado desde o ano passado, o Projeto de Lei 344, do senador petista Tião Viana, do Acre. Assim como o vereador campineiro, a iniciativa do político em Brasília determina a obrigatoriedade da existência de desfibriladores em locais com concentração superior a duas mil pessoas em todo o Brasil.