Economia em recuperação Região de Ribeirão Preto é a quarta a mais gerar emprego em todo o Estado no mês de abril, afirma levantamento
A região de Ribeirão Preto, que reúne 25 cidades, foi a quarta do Estado de São Paulo na geração de empregos em abril, de acordo com o quinto boletim do ano do Observatório do Emprego da Secretaria Estadual do Emprego e Relações do Trabalho (SERT) divulgado ontem. Com o saldo positivo de 8.928 novas vagas, a região apresentou resultado 21,6% menor que em março, quando forma registrados 11,4 mil novos postos de trabalho.
Para a economista Luciana Cezarino, apesar da conjuntura econômica internacional ser desfavorável e apontar para um declínio no emprego, Ribeirão Preto apresenta uma situação mais favorável. “Temos o tripé educação, saúde e comércio que garantem o bom desempenho”, analisa. “Os dois primeiros são menos suscetíveis às oscilações da economia. Já o comércio, que sentiu os efeitos da crise, apresentou recuperação e favoreceu os resultados positivos.”
O resultado melhor em março em relação em abril, segundo Luciana, deve ter impacto do setor sucroalcooleiro. “Mantenmos o nível de empregabilidade, mas as variações ocorrem devido a sazonalidade da safra da cana, que garante maior oferta de trabalho em determinados momentos.”
Todas as 15 regiões administrativas do Estado apresentaram um saldo positivo na variação do emprego. Em números absolutos, Campinas apresentou a maior variação (10.388), seguida por São José do Rio Preto (10.187), Bauru (9.682), Ribeirão Preto (8.928) e a Região Metropolitana de São Paulo (8.158). Mesmo com os números favoráveis, Luciana entende que ainda é cedo para falar que o aumento no emprego é uma tendência do mercado. “Precisamos analisar os números dos próximos meses. Se no próximo trimestre o nível de consumo se mantiver certamente as contratações continuarão em alta, aí sim teremos um quadro mais estável”.
A economista lembra, no entanto, que números do Serasa preocupam ainda. “O nível de endividamento na relação entre empresas está grande, em torno de 55%. Isso significa que os pagamentos não estão em dia e podem mudar o quadro do emprego.”
Emprego
8.928 Vagas de trabalho foram geradas em RP em abril
A reconquista de uma vaga
A recuperação na oferta de emprego garante colocação para quem foi atingido com as oscilações da economia no final do ano passado. A vendedora Carla Tassiana de Oliveira Martins Costa, 25 anos, foi uma dessas pessoas. Depois de dois anos ela perdeu o emprego e passou os últimos meses enviando currículos. E no mês passado conseguiu colocação em uma loja no centro de Ribeirão Preto. Na opinião da vendedora, a situação está começando mudar agora. E não apenas por ter conseguido uma nova vaga no mercado de trabalho. Ela lembra que outros amigos também passaram por dificuldades nos últimos meses.
Para Carla foram momentos difíceis pois as notícias desanimavam. “Foram três meses de busca com as notícias indicando que mais pessoas estavam perdendo o emprego, o que não dava muita expectativa de conseguir colocação rapidamente”, lembra.
Região é a 2ª de SP em criação de vagas na construção civil
A região de Ribeirão Preto ficou em segundo lugar no ranking estadual da criação de empregos na construção civil no mês de abril, com aumento de 1,35% em comparação com março. Os números foram divulgados ontem pelo Sindicato da Construção Civil de São Paulo (Sinduscon-SP), que mostraram que 461 novos postos foram criados no município em abril. O aumento é maior do que as médias estadual e nacional do período (1,21% e 0,85%, respectivamente). A entidade congrega 88 cidades da regional de Ribeirão.
Em primeiro lugar no Estado aparece a região de São José dos Campos, com aumento de 3,52% no mês de abril -foram criadas 1.924 novos postos de trabalho no município.
Os últimos 12 meses, Ribeirão registrou aumento de 5,77% na criação de novos postos de trabalho no setor, com 1.885 vagas a mais do que em abril de 2008. Atualmente, 34.531 trabalhadores atuam no setor com carteira assinada, de acordo com os dados do Sinduscon-SP.
Um deles é Osmarino José Messias, 28 anos, que teve a carteira de trabalho registrada em abril. Ele, que trabalha em uma obra no Distrito Industrial de Ribeirão, comemorou o registro de servente de pedreiro, depois de quase um ano sem trabalho por causa de um acidente. “Estava precisando de dinheiro para cuidar da casa e dos meus dois filhos. Minha esposa ajuda, mas meu salário é fundamental”, disse o trabalhador, que ganha cerca de R$ 700 mensais.
“A cidade é um pólo econômico, atende uma região muito grande. É o principal mercado em um raio de 150 quilômetros”, disse o presidente da regional do Sinduscon de Ribeirão Preto, José Batista Ferreira.
Para o economista da USP Luiz Guilherme Scorzafave, os números apontam para uma retomada na economia. “Como a crise financeira foi forte no final do ano passado, a tendência era de que o ritmo da economia fosse mais lento. Mas a construção civil não registrou muitas demissões. Os consumidores seguraram o dinheiro para investir depois, mas não perderam os recursos.” (Guilherme Tavares)
Raio X
A construção civil em Ribeirão
34.531 Postos de trabalho são ocupados atualmente pelo setor em Ribeirão Preto
5,77% Foi o aumento dos postos de trabalho do setor nos últimos 12 meses
1.428 Postos de trabalho foram criados em 2008 no setor no município
