BNDES deve financiar vencedor do Rodoanel

Folha de S.Paulo - Terça-feira, 11 de março de 2008

ter, 11/03/2008 - 11h22 | Do Portal do Governo

Folha de S.Paulo

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) deverá financiar a empresa vencedora do leilão de concessão do trecho Oeste do Rodoanel, previsto para acontecer hoje, em São Paulo. A expectativa inicial era a de que o banco abrisse apenas linhas de crédito para financiar os R$ 800 milhões exigidos da nova concessionária para obras de infra-estrutura. Agora, porém, o BNDES decidiu que poderá também comprar cotas de fundos de recebíveis que venham a ser criados para pagar a outorga do Estado, estabelecida em R$ 2 bilhões. A outorga era o maior empecilho para a participação de um grupo maior de competidores no leilão. Consultores e analistas afirmavam que grandes empresas do setor, como CCR e OHL, já tinham feito parcerias com bancos para participar do leilão. As menores, no entanto, sem o mesmo poder de negociação, tinham ficado de fora. Isso porque o valor da outorga estava muito além dos investimentos previstos nos planos de negócios da maioria das concessionárias. Dos R$ 2 bilhões a serem pagos ao governo, 10% serão desembolsados na assinatura do contrato. O restante será pago em 24 meses. “O valor da outorga obriga que os concorrentes tenham grupos financeiros fortes a seu lado”, diz Luiz Otávio Broad, analista da corretora Ágora. “Além disso, também deverá fazer com que haja menos competidores nesse leilão do que no leilão de concessão das rodovias federais [em 2007]”. Com a perspectiva aberta pelo BNDES, a expectativa é a de que o cenário mude. Além desses valores, o concessionário deverá pagar um valor mensal equivalente a 3% da receita bruta aferida no mês anterior. Deságio Mesmo com o desembolso maior, ainda assim os analistas esperam um bom deságio nas tarifas. O valor estabelecido de tarifa de pedágio, de R$ 3, foi elevado por conta da outorga. Para aumentar o deságio na tarifa, dizem consultores, as concorrentes trabalham com a perspectiva de ampliação do Rodoanel. Com todo o tráfego dos caminhões provenientes da Baixada Santista, depois da construção do trecho Sul, o valor potencial do negócio aumentaria em pelo menos 30%. A expectativa do mercado para hoje é de que os competidores cheguem ao leilão com propostas bastante agressivas. A OHL deixou claro, durante vários encontros com analistas, que o Rodoanel é sua prioridade no país. Porém, o deságio de 65% oferecido pela empresa às tarifas estabelecidas nas concessões das rodovias federais deixou os investidores céticos com relação a sua viabilidade: suas ações caíram 30% em 2006, contra alta de 43,65% da Bovespa. Já a CCR, cujas concessões cortam o trecho Oeste do Rodoanel, é considerada a grande favorita. Segundo analistas, se vencer, a concessionária terá fortes ganhos de sinergia e melhoria de rentabilidade. Texto Anterior: Para Comissão de Ética, festa da Receita pode ter improbidade Próximo Texto: Saiba mais: SP quer recursos para investir em um novo trecho Índice