Biotecnologia gera patentes em SP

Folha de S. Paulo - 8/5/2002

qua, 08/05/2002 - 14h30 | Do Portal do Governo

O velho abismo entre a pesquisa científica e a inovação tecnológica continua amplo no Brasil, mas áreas como a biotecnologia e a informática talvez estejam começando a modificar esse quadro. Essa é uma das principais conclusões de um relatório publicado ontem pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), que pretende retratar as modificações no cenário científico e tecnológico do Estado durante a década de 90.

Batizado de ‘Indicadores de Ciência, Tecnologia e Inovação em São Paulo – 2001’, o relatório inclui números e análises, a maioria deles abrangendo um período que vai de 1989 a 1998, relacionados a toda a cadeia de produção científica e tecnológica, do ensino fundamental aos dividendos econômicos gerados por novas descobertas científicas.

‘A gente sabe da dificuldade em obter dados confiáveis sobre ciência no Brasil’, disse Francisco Landi, diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo da Fapesp. ‘Esse documento deve ajudar a compreender as mudanças e tendências do setor.’

O documento confirma o crescimento da participação brasileira na produção científica internacional: entre 1985 e 1999, o número de artigos brasileiros em publicações científicas internacionais cresceu 34%, correspondendo a 1,1% da produção científica mundial. O índice é comparável ao coreano (1,2%) e ao indiano (1,7%), e o Estado de São Paulo responde por 50% dessa produção.

São Paulo investiu, em média, R$ 2,2 bilhões anuais em pesquisa e desenvolvimento (esse segundo item inclui a criação de novos produtos industriais) entre 1995 e 1998, o que corresponde a 38% do investimento do Brasil inteiro no setor no mesmo período.

Contudo, as empresas continuaram investindo bem menos que o governo na área: as instituições públicas empregaram 78% dos pesquisadores, arcando com 62% das despesas com pesquisa e desenvolvimento. O governo estadual de São Paulo foi o principal financiador da área, respondendo por 58% desses gastos.

O registro de patentes, que garantem propriedade intelectual sobre determinada invenção ou produto, é considerado uma das principais medidas de uma transição bem azeitada entre a pesquisa e o mercado. Nesse quesito, o relatório da Fapesp mostra que pouca coisa mudou no cenário brasileiro: entre os 20 principais detentores de patentes no Brasil figura apenas uma empresa nacional, a estatal Petrobras.

Mas a questão das patentes também traz uma boa surpresa: áreas estratégicas e de crescimento científico e empresarial recente, como a biotecnologia, aumentaram em mais de 100% sua participação nos pedidos de patentes feitos nos EUA por grupos paulistas nos anos 90.

O número de professores universitários com mestrado ou doutorado cresceu: passou de 44% em 1994 para 53% em 1998.

Reinaldo José Lopes