Beleza para encarar a vida bem de frente

Diário de S. PauloO mais novo tratamento oferecido aos pacientes do Instituto do Câncer, em São Paulo, não tem contraindicações. Melhor que isso: os efeitos que provoca melhoram a autoestima […]

qui, 14/04/2011 - 16h00 | Do Portal do Governo

Diário de S. Paulo

O mais novo tratamento oferecido aos pacientes do Instituto do Câncer, em São Paulo, não tem contraindicações. Melhor que isso: os efeitos que provoca melhoram a autoestima e criam um sentimento de valorização da vida, o que ajuda na recuperação. Desde a última segunda-feira, a unidade, que funciona no número 251 da Avenida Dr. Arnaldo, oferece serviços de beleza e estética para quem enfrenta qualquer tipo de câncer.

“A ideia é fazer com que os pacientes construam uma nova autoimagem, mesmo estando aqui em tratamento”, diz a psicóloga Samantha Moreira, do setor de quimioterapia. “Eles precisam se fortalecer para conservar o que têm de saudável e isso, com certeza, ajuda na recuperação”, explica ela. Em outras palavras, além do tratamento tradicional à base de medicamentos e intervenções, o “salão de beleza” chega para dar mais um suporte de enfrentamento da doença.

No “salão”, as pessoas cortam os cabelos, tratam as unhas, limpam a pele do rosto, fazem maquiagem e aprendem a amarrar lenços na cabeça de mais de uma maneira. Os homens também podem usufruir do serviço, inclusive, aparando barba e bigode.

Quem aplica esses cuidados são duas maquiadoras e esteticistas da marca de cosméticos Payot que, no instituto, fazem trabalho voluntário (veja texto na página ao lado). Se o paciente pode andar, ele vai até uma sala improvisada no 11 andar do hospital. Mas, se está internada em leito comum ou mesmo na Unidade de Terapia Intensiva, as profissionais vão ao encontro deles. Basta se interessar e marcar hora.

Pacientes/A aposentada Sebastiana Sagaria Borges, de 63 anos, internada há 15 dias, nem sabia ontem da novidade que acontecia no hospital. Foi avisada pelas enfermeiras. “Eu estava meio desanimada, mas aceitei participar.” Fez a mão (só lixamento e uso de esmalte claro, tipo base, porque os pacientes não podem sofrer cortes), foi maquiada com batom e blush e aprendeu a amarrar o lenço na cabeça de duas formas diferentes. “Nossa, como eu fiquei linda”, ela se supreende, ao olhar-se no pequeno espelho de mão. “Peruca é muito artificial. Vou adotar o lenço quando meu cabelo cair. Depois, vou colocar um vestido e, quem sabe, ir ao baile”, sonha.

Para ela, o tempo em que passou cuidando da beleza a afastou de pensamentos negativos. “Tira o foco da gente das coisas ruins. Sei que não é bom ficar pensando na doença”, diz Sebastiana, que há seis anos luta contra um câncer no ovário.

Ela divide o quarto com Maria Valda da Silva, 46 anos, que se trata de um câncer no colo do útero. “Meu desejo era ir para casa, mas não posso.” Maria recebeu os mesmos cuidados estéticos da amiga e ficou empolgada. “É bom cuidar da aparência, dá outro astral na gente. Se eu tivesse dinheiro, gastaria tudo em sapatos, que adoro, batons e sutiãs.”