A Linha 4 do Metrô só foi possível depois que Alckmin
concretizou dois empréstimos no valor de US$ 418 milhões
Opinião – Jurandir Fernandes
A futura Estação Faria Lima do Metrô, no Largo da Batata, em Pinheiros, faz parte do projeto da Linha 4 – Amarela há mais de 10 anos. Será uma das 11 estações construídas ao longo dos 12,8 quilômetros de túneis, entre a Vila Sônia e a Luz, no centro da cidade. A Linha 4 exigirá investimentos do governo do Estado de São Paulo da ordem de R$ 3,1 bilhões.
A inclusão da Estação Faria Lima no traçado da Linha 4 foi uma decisão dos técnicos do Metrô, com base em estudos de demanda de passageiros, de viabilidade econômica e de técnicas de construção. Repito, há mais de 10 anos definiu-se por uma estação na Faria Lima, mais precisamente sob o Largo da Batata. Não foi fruto de solicitação da prefeita ao governador, muito menos uma lembrança de última hora.
O que ocorreu de fato, e eu estava presente nesse encontro, foi a discussão da viabilidade de se adiantar a conclusão da Estação Faria Lima, da segunda para a primeira fase do cronograma da obra. Ou seja, antecipar o acabamento desta estação de 2009 para 2007 ao lado das 5 primeiras estações previstas.
O cronograma físico e financeiro da Linha 4 programara a Estação Faria Lima para a segunda fase não por esquecimento nosso, mas sim devido à capacidade de investimento do Estado, é óbvio. Da mesma forma não esquecemos de levar a Linha da Paulista até a Vila Prudente, assim como não esquecemos de levar a Linha 5 do Capão Redondo até a Chácara Klabin!
A Linha 4, que hoje é a maior obra urbana do País, só foi possível depois que o governador Geraldo Alckmin concretizou dois empréstimos ao governo do Estado de São Paulo, no valor global de US$ 418 milhões com o Banco Mundial e com um consórcio de bancos japoneses, garantidos pelo Japan Bank for International Cooperation JBIC. Vale destacar que o contrato com o JBIC foi assinado pelo governador, em Tóquio, no início de agosto.
Já em andamento, a Linha 4 teve início com a instalação do canteiro de obras no Parque Villa-Lobos, a construção das Estações Butantã e Higienópolis, além dos poços de ventilação na Avenida Waldemar Ferreira (acesso à USP) e Rua da Consolação, na Rua Coronel José Eusébio.
O próximo passo será a construção do Pátio de Estacionamento e Oficinas de Vila Sônia, que ocupará uma área de 111 mil metros quadrados, o equivalente a 27 campos de futebol, para abrigar os 96 novos carros dos trens do Metrô. Para liberar uma parte significativa dessa área, o governo do Estado depositou em juízo, em agosto, R$ 16 milhões.
Faz parte, também, da primeira fase de implantação da Linha 4, prevista para 2008, a construção das Estações Pinheiros, Paulista, República e Luz, de integração com as demais linhas do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos CPTM.
As Estações Morumbi, Três Poderes, Faria Lima, Fradique Coutinho, Oscar Freire e Higienópolis serão concluídas em 2009, com investimentos de R$ 1,5 bilhão, a cargo da iniciativa privada, dentro de um programa de concessão.
Para atender a um projeto da Prefeitura, de reurbanização do Largo da Batata, que só será realizado na próxima administração, a atual prefeita acenou com a possibilidade de investir R$ 45 milhões nas obras de acabamento da Estação Faria Lima, para que fossem antecipadas para 2007. Quero destacar que esse valor representa apenas 1,5% do total do investimento do governo do Estado na Linha 4.
A prefeita declarar que mantém um bom relacionamento com o governador Geraldo Alckmin não é novidade. O governador mantém bom entendimento com os 645 prefeitos do nosso Estado.
Afirmar que é de sua autoria a inclusão da Estação Faria Lima no projeto da Linha 4 do Metrô é, no mínimo, transformar a Estação do Largo da Batata em uma autêntica batatada eleitoral (segundo Houaiss, tolice, erro).
Jurandir Fernandes é secretário de Estado dos Transportes Metropolitanos, presidente da Associação Nacional de Transportes Públicos ANTP e da Divisão Latino-Americana da União Internacional de Transportes Públicos UITP.
