Barro Branco ganha 45 vagas em 2006

Folha de S.Paulo - Terça-feira, 23 de agosto de 2005

ter, 23/08/2005 - 10h53 | Do Portal do Governo

ALEXANDRE NOBESCHI

O dia começa cedo na Academia de Polícia Militar do Barro Branco, em São Paulo. Às 6h, os alunos são acordados ao som da corneta. É o toque da alvorada.

O segundo movimento dos estudantes é ficar em forma para cantar o hino e desfilar. Às 7h40, rumam para as aulas. O conteúdo das disciplinas passa por direito, filosofia, psicologia, sociologia, informática e estatística, além de matérias práticas como tiro, defesa pessoal e policiamento.

Uma rotina puxada que exige rigor e disciplina, mas que a cada vestibular da Fuvest –que organiza as provas para a academia– demonstra que há muitos jovens interessados em ingressar na carreira. No último exame, a relação candidato/vaga foi de 30,9 (masculino) e 57,07 (feminino), o mais concorrido. Medicina, por exemplo, teve 31,07 candidatos/vaga.

Agora, a escola de formação de oficiais aumentou o número de vagas para os homens, passando o total para 195, contra 150 no ano passado. No manual do candidato de 2006, constam 150 vagas, mas o número foi ampliado após a impressão do kit da Fuvest. A grande disputa no concurso feminino é explicada pelo baixo número de vagas: apenas 15.

Penoso para entrar, lá dentro o dia-a-dia não se abranda. ‘Se o concurso já é bem puxado, imagine como é o curso. Ao todo, temos mais de 6.400 horas/aula durante os quatro anos. A média para a aprovação nas disciplinas é oito. Ou seja, não tem moleza’, afirma a tenente Cleodecir Zonato Eder, chefe de comunicação da academia de polícia.

Bruno de Freitas Alvarenga, 22, e Catherine Beraldo Crema, 24, ambos do quarto ano, confirmam que as atividades são densas, mas que, no decorrer do tempo, os alunos se acostumam.

‘Não tive muitas surpresas quando entrei, pois já havia buscado informações antes e sabia que não seria fácil. Mas é o que eu queria’, diz Alvarenga. ‘A parte mais complicada é o começo, porque a gente tem de se adaptar à nova rotina’, conta Catherine.

Se a marcha até a graduação é pesada e exige até que os cadetes –como são denominados os estudantes do Barro Branco– durmam no local nos primeiros dois anos, a partir do momento em que eles integram a academia, começam a receber um soldo de um pouco mais de R$ 1.000. Após a formatura, também há estabilidade no emprego.

Esse treinamento intenso, de acordo com o ex-aluno e agora primeiro-tenente Marcelo Robis Francisco Nassaro, da Polícia Militar Ambiental de São Paulo, ocorre pelo fato de ser um trabalho que exige muito e, por conta disso, pede um profissional bem preparado. ‘Na academia, são apenas quatro anos para formar uma pessoa com noções de direito, de psicologia, de sociologia, porque é necessário gente capacitada para trabalhar com algo que é muito importante para a sociedade, que é a segurança’, afirma o tenente.

Como ingressar

Além do vestibular, o candidato passa por mais duas fases eliminatórias. Na primeira, faz exames médicos e de aptidão física. Na outra etapa, passa por uma investigação social para avaliar se houve algum desvio de conduta. A apuração é realizada por outros policiais, que vão conversar até com vizinhos e conhecer as escolas que o candidato freqüentou.

‘Precisa ver se o aluno era do tipo brigão na escola, por exemplo. Porque, quando ele põe uma farda, pode se achar um deus’, afirma a tenente Cleodecir.