Banco público, juro menor

Jornal da Tarde - Segunda-feira, 12 de novembro de 2007

seg, 12/11/2007 - 17h48 | Do Portal do Governo

Jornal da Tarde

Os bancos públicos são os que cobram as menores taxas de juros no empréstimo pessoal e no cheque especial. Isso é o que mostram os levantamentos mensais feitos pela Fundação Procon de São Paulo (Procon-SP)no período de janeiro a outubro deste ano. No empréstimo pessoal, a Nossa Caixa lidera de fevereiro até agora; no cheque especial, os menores índices foram os da Caixa Econômica Federal (ver quadro nesta página).

As pesquisas do Procon-SP consideram taxas máximas pré-fixadas para clientes pessoas físicas não preferenciais (que têm pouco tempo de relacionamento com o banco). No caso do cheque especial, a média vale para o período de 30 dias e no empréstimo pessoal, a taxa refere-se a contrato de 12 meses.

Na opinião de Valéria Garcia, diretora de Estudos e Pesquisa do Procon-SP, os índices menores destes bancos estão, em parte, relacionados à função social que têm, com financiamentos de políticas públicas e de pessoas de baixa renda. Apesar disso, ela afirma que antes de optar por alguma instituição financeira o consumidor deve pesquisar bastante. A atenção, diz Valéria, deve estar voltada às diversas taxas que podem ser cobradas no momento da contratação de um empréstimo.

A técnica recomenda também que os consumidores procurem barganhar. Ela informa que na busca, a pessoa não deve ater-se apenas à instituição financeira em que tem conta. ‘Os bancos têm interesse em atrair clientes e os consumidores devem aproveitar a competição entre eles para negociar.’

Para Mario Ferreira Neto, superintendente nacional de cliente de média e alta renda da Caixa, os índices apontados nas apurações do Procon-SP devem-se principalmente ao fato de que a Caixa busca mais espaço no mercado por conta da confiança no crescimento da economia. Ferreira Neto acrescenta que a instituição tem procurado acompanhar a queda da Selic, a taxa básica de juros da economia, hoje em 11,25% ao ano. ‘Procuramos repassar’, diz. Ele não tem como afirmar se as taxas continuarão em queda e portanto, as próximas ações dependerão das decisões que o Banco Central tomar.

O Banco do Brasil (BB) tem, até o momento, a segunda menor taxa média mensal de cheque especial do mercado, na casa dos 7,56% segundo o Procon-SP. Para Geitiro Genso, gerente-executivo de varejo do BB, o principal motivo está na pré-aprovação de diversas linhas de crédito oferecidas, como financiamento para compra de produtos de informática e para viagens. ‘Os clientes têm condições de fazer as operações nos terminais de auto-atendimento, sem a interferência de ninguém’, acredita. Genso informa que esta política faz com que o banco diminua seus custos operacionais, o que reflete nas taxas cobradas dos clientes.

A reportagem do Jornal da Tarde também comparou as pesquisas de janeiro com a de outubro deste ano feitas pelo Procon-SP. No empréstimo pessoal, entre os bancos analisados a maior queda foi registrada no Banco Real, 6,34%. Enquanto o índice de janeiro marcava 6,30%, em outubro desceu a 5,90%. A segunda maior queda foi anotada na Caixa. O índice de 4,68% de janeiro transformou-se em 4,49% em outubro, uma redução de 4,05%.

O HSBC, na contramão das demais instituições, de acordo com o Procon-SP, elevou os juros. A média de 4,18% cobrada em janeiro deste ano foi para 4,56% pelos números de outubro, um aumento de 9,09%. Segundo Luciana Sammarco, responsável por desenvolvimento de produto do banco, houve um equívoco na apuração do Procon-SP. Segundo ela, em janeiro a pesquisa considerou a taxa mínima do produto, enquanto em outubro levou-se em conta a chamada taxa sugerida. Luciana explicou que há três tipos de índices: o mínimo, o sugerido (recomendado para determinados clientes, aqueles que já mantêm um bom relacionamento com o banco), e o máximo. ‘A diferença entre os índices é grande’, afirma.

No cheque especial, dos dez bancos pesquisados apenas três apresentaram variações entre janeiro e outubro. A maior delas foi registrada no BB, de 7,70% para 7,56%, uma redução de 1,81%.

Procurada pelo JT, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) não quis se pronunciar sobre os levantamentos. Afirmou apenas que as respostas caberiam às próprias instituições.