Banco do Povo quer duplicar liberação de créditos

Diário do Grande ABC - 20/5/2003

ter, 20/05/2003 - 9h18 | Do Portal do Governo

Carolina Rodriguez


Do Diário do Grande ABC

O Banco do Povo Paulista deve financiar R$ 80 milhões em crédito aos micro e pequenos empresários do Estado só neste ano. A meta é superior aos R$ 72 milhões concedidos pela instituição desde setembro de 1998, quando foi criada, até dezembro do ano passado. O anúncio foi feito segunda-feira pelo diretor executivo do banco, José Roberto Generoso, durante evento em comemoração ao aniversário de três anos da agência de São Bernardo, que contou com a presença do prefeito William Dib.

Os números de créditos previstos pelo Banco do Povo para o Grande ABC também são grandes. Nos três anos de atividade, a unidade de São Bernardo financiou um total de R$ 2 milhões em 700 créditos. A meta para este ano é dobrar este valor, ou seja, emprestar R$ 4 milhões aos empreendedores da cidade. “Nós sabemos que não conseguiremos resolver o problema do desemprego no país, mas os créditos do Banco do Povo são uma forma de reduzir os altos índices”, afirmou o diretor.

Para fazer este dinheiro chegar às mãos dos pequenos empreendedores, o Banco do Povo planeja, entre outras ações, lançar um novo produto em parceria com o Sebrae até o final deste ano. Trata-se do Programa de Início de Negócio, um financiamento voltado às pessoas que detêm a técnica de produção, mas que ainda estão fora do mercado e planejam abrir sua primeira empresa. A diferença é que, além de receber o crédito, os empreendedores poderão fazer um curso de gestão de negócios.

“Eles aprenderão noções de negócio, como por exemplo, quanto deve custar o seu produto ou serviço, onde poderão comprar a matéria-prima, para quem vão vender e quem são seus concorrentes. São regras simples, mas que auxiliarão as empresas, principalmente as micro e pequenas, a não morrerem logo”, disse Generoso.

O desafio do Banco do Povo agora, segundo o diretor, é levar os recursos aos trabalhadores informais do Estado. Dados da entidade mostram que 75% dos tomadores de créditos são trabalhadores informais. A dificuldade, segundo Generoso, é que a maioria deles não acredita que pode tomar o dinheiro emprestado para começar ou ampliar o seu negócio.

Facilidades – Os créditos do Banco do Povo Paulista variam de R$ 200 a R$ 5 mil e podem ser destinados a compra de máquinas, mercadorias e matéria-prima. Os trabalhadores precisam apresentar CIC, RG, comprovante de residência e três orçamentos do bem a ser financiado. O crédito é submetido à análise.

Prefeito aprova iniciativa da instituição

O prefeito William Dib, que participou segunda-feira das comemorações do terceiro aniversário da unidade de São Bernardo do Banco do Povo Paulista, aprovou a iniciativa da direção da instituição em querer bater o recorde de financiamentos no Estado de São Paulo e no Grande ABC. Segundo ele, muitos trabalhadores do município perderam seus empregos por conta da modernização das plantas produtivas e o crédito oferecido pelo banco é uma das alternativas que podem ser utilizadas para combater o desemprego. “A melhor alternativa para o desemprego da região é o auto-emprego e o Banco do Povo oferece crédito aos trabalhadores que planejam ter um negócio próprio, com juros baixos”, afirmou.

O recurso disponibilizado pela entidade, segundo Dib, acaba sendo um complemento aos cursos de capacitação e requalificação profissionais oferecidos pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo de São Bernardo. Durante as aulas, os trabalhadores são informados das linhas de financiamento do banco e os interessados recorrem ao crédito para abrir sua empresa. O objetivo da Prefeitura, de acordo com Dib, é fazer uma ampla divulgação deste recurso e, desta maneira, gerar emprego e renda ao município.

Durante o evento, o prefeito homenageou as trabalhadoras Edna Cristina da Silva e Maria do Socorro Barbosa dos Santos, que recorreram ao Banco do Povo e hoje trabalham por conta própria. Edna já fez quatro empréstimos que foram utilizados na compra de mercadorias para o seu bazar, que funciona na parte inferior da sua casa, no Jardim Farina, e atende aos alunos de uma escola vizinha.

Geração de emprego – Já Maria do Socorro adquiriu um novo crédito, no valor de R$ 3,2 mil, para comprar uma máquina de costura tipo travete. Ela montou um ateliê de costura em sua casa há cinco anos e hoje emprega mais duas vizinhas. “Uma não sabia costurar, e eu a ensinei porque ela precisava de um emprego”, disse. As trabalhadoras costuram para clientes particulares e grandes confecções que terceirizam o serviço. O primeiro financiamento de Maria foi no valor de R$ 1,9 mil, também para a compra de equipamentos. Atualmente, o ateliê funciona com sete máquinas de costura.