Bananicultores terão ajuda estadual

A Tribuna - Santos - Terça-feira, 19 de outubro de 2004

ter, 19/10/2004 - 9h21 | Do Portal do Governo

Da Sucursal

Prejudicados, em junho deste ano, pela Sigatoka Negra — uma doença de alto poder destrutivo para bananais —, os agricultores familiares do Vale do Ribeira têm agora à disposição um auxílio a mais do Governo do Estado para recuperar as plantações devastadas pelo fungo.

Na última semana, o governador Geraldo Alckmin assinou um decreto que concede financiamento para o cultivo de espécies tolerantes à doença. Embora não cause mal à saúde do homem, a Sigatoka Negra ataca as folhas da bananeira, impossibilitando o desenvolvimento completo do fruto, que perde o valor comercial.

Como cerca de 85% do capital no Vale do Ribeira provém do cultivo da banana, a chegada do fungo foi considerada o prenúncio de uma crise econômica na região. Nos últimos meses, muitos bananais precisaram ser destruídos, prejudicando, principalmente, pequenos produtores que não dispõem de recursos para combater a doença.

Por este motivo, o financiamento aberto pelo Estado é dirigido a agricultores familiares, com receita bruta anual de até R$ 185 mil. Cada beneficiário pode receber recursos de até R$ 36.486,00, que serão liberados de acordo com o projeto técnico.

Devolução

O reembolso será efetuado conforme a capacidade de pagamento de cada produtor, com juros de 4% ao ano e prazo máximo de pagamento em 60 meses (cinco anos), incluindo-se a carência de até 24 meses (dois anos). A seleção e o enquadramento dos beneficiários serão coordenados pela Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento.

Segundo o secretário da pasta, Duarte Nogueira, o Estado tem se empenhado para oferecer aos bananicultores todo o tipo de informação, promovendo desde reuniões técnicas nas regiões atingidas, até pesquisas sobre variedades mais tolerantes à doença.

Conforme divulgado pela Secretaria de Agricultura, além da linha de financiamento criada, especificamente, para pequenos produtores de banana, o Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (Feap) e o Banco do Agronegócio Familiar oferecem outras 23 linhas de crédito para agricultores com renda bruta anual até R$ 185 mil.

Preço

Com o surgimento da versão mais agressiva da Sigatoka no Vale do Ribeira, a expectativa era de que o preço da banana em São Paulo aumentasse em pouco tempo. Isso porque a região é responsável por 83% da produção no Estado, estimada em R$ 413 milhões.

Apesar das especulações negativas a respeito do futuro da bananicultura no Vale do Ribeira, os preços da fruta vêm se mantendo estáveis tanto no atacado, quanto no varejo, segundo análise do Instituto de Economia Agrícola (IEA).

Após realizar uma pesquisa na cidade de São Paulo, o órgão, vinculado à Secretaria de Agricultura do Estado, constatou que as alterações foram mínimas, em função da estabilidade na oferta.

Para Duarte Nogueira, a presença da Sigatoka Negra nos bananais paulistas não ocasionou alterações expressivas nos preços da fruta porque o fungo ainda não afetou a produção. ‘‘Os efeitos na oferta da banana só poderão ser verificados realmente nos próximos meses, quando o clima proporcionará condições mais favoráveis ao desenvolvimento da doença’’.

Memória

O primeiro caso da Sigatoka Negra no Vale do Ribeira foi confirmado no dia 23 de junho, em Miracatu. Como o foco estava na margem da BR-116, técnicos do Escritório da Defesa Agropecuária de Registro decidiram monitorar a rodovia, identificando imediatamente mais de 20 pontos atingidos na região. Esta rápida disseminação ocorreu em função dos esporos expelidos pela doença, que podem atingir um raio de 60 quilômetros, espalhando-se pela chuva, vento e pelo transporte de frutas e mudas de áreas afetadas.