Avanço no Rodoanel

Jornal da Tarde - São Paulo - Segunda-feira, 18 de outubro de 2004

seg, 18/10/2004 - 9h02 | Do Portal do Governo

EDITORIAL

Estudo ambiental favorável abre a perspectiva de uma rápida retomada da construção do Rodoanel

O Estudo e o Relatório de Impacto Ambiental (Eia-Rima) do Trecho Sul do Rodoanel encaminhado à Secretaria Estadual do Meio Ambiente trazem uma boa notícia para os paulistanos, porque, ao concluir pela inexistência de impactos ambientais irreversíveis na área por ele cortada, abrem a perspectiva de que se possa dar prosseguimento já no primeiro semestre do próximo ano a essa obra fundamental para a melhoria do trânsito na Capital.

Se aprovado esse estudo, como se espera, o governo estará livre para iniciar a construção – orçada em R$ 1,9 bilhão – da ligação de 61 quilômetros do Trecho Sul entre Embu e Mauá, que complementará o Trecho Oeste, inaugurado há dois anos, e possibilitará desviar da Capital o tráfego de caminhões com destino ao porto de Santos. A operação conjunta dos dois trechos – com um total de 93 quilômetros, interligando sete importantes rodovias que atendem o interior e fazem a ligação com aquele porto – vai reduzir em 43% o volume de caminhões na Marginal do Pinheiros e em 37% o da Avenida dos Bandeirantes.

Pelo novo traçado, o Trecho Sul seguirá, a partir da Rodovia Régis Bittencourt, por Itapecerica da Serra, São Paulo, São Bernardo, Santo André e Ribeirão Pires, fazendo a ligação com o Sistema Anchieta-Imigrantes. Ele corta a região de proteção dos mananciais das sub-bacias de Guarapiranga e Billings – essenciais para o abastecimento de água da Grande São Paulo – e terá 4 viadutos, 19 pontes, 43 passagens inferiores e 5 superiores.

O secretário-adjunto dos Transportes, Paulo Tromboni, faz questão de lembrar que o trabalho levou em conta as críticas feitas por ambientalistas durante audiências públicas. Serão preservados os mananciais e os remanescentes florestais significativos existentes na região, na qual não deverá haver adensamento populacional.

Apesar de todos esses cuidados, muitos ambientalistas continuam insatisfeitos. Carlos Bocuhy, por exemplo, condena o critério adotado pelo governo estadual de licenciamento ambiental para cada trecho do Rodoanel, alegando que isso pode causar problemas ambientais no futuro. Por isso, ele e outros cinco integrantes do Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema) encaminharam no mês passado representação ao Ministério Público Estadual e Federal pedindo a anulação da decisão do próprio órgão favorável ao licenciamento parcelado.

Se tiverem êxito, a construção do Rodoanel estará novamente comprometida. Ninguém discute a necessidade de se evitar tanto quanto possível danos ao meio ambiente, no caso dessa e de qualquer outra obra. Mas parece haver aí um excesso de zelo, que vem encontrando acolhida principalmente no Ministério Público Federal. Não percebem eles que, se tal excesso bloquear o Rodoanel, isso poderá produzir males maiores do que aqueles que, alegam, serão acarretados por sua construção com os cuidados que o governo tem tomado.