Atual, Pinacoteca faz 100 anos

O Estado de S.Paulo - Sexta-feira, 09 de Setembro de 2005

sex, 09/09/2005 - 11h31 | Do Portal do Governo

Público e acervo crescem a cada mês, enquanto o primeiro museu de arte da cidade recria seu espaço

Renata Gama

Este ano, a Pinacoteca do Estado chega aos 100 anos. Jovem, em forma e conquistadora. O primeiro museu de arte da cidade, que começou com uma coleção modesta de 29 pinturas, cresceu e modernizou-se. Incorporou ao acervo fotografias, esculturas, criou espaço para novas manifestações de arte. ‘Abriga uma diversidade de linguagens’, resume o museólogo Marcelo Araújo, diretor da instituição.

Hoje, ao todo, a Pinacoteca mantém 6.223 obras. Mas não só este encorpado e diverso acervo é prova de que a instituição está em plena atividade. Seu público, que mistura crianças, jovens e adultos, mostra-se muito presente. O número de visitantes em 2004, por exemplo, atingiu 320 mil pessoas. Este ano, somente entre janeiro e junho, já passa dos 240 mil.

Talvez a própria história do museu explique sua vocação para acompanhar as evoluções artísticas, políticas e atrair público. Quando nasceu, o prédio da Avenida Tiradentes abrigava o Liceu de Artes, um dos centros criativos e formadores de opinião da cidade.

E, por isso, estava muito ligado às manifestações e ao pensamento mundiais. Na década que marcou o modernismo brasileiro, 1920, por exemplo, não hesitou em abrir as portas para os trabalhos de Anita Malfatti, Lasar Segall, Tarsila do Amaral e Vitor Brecheret.

PÚBLICO

Mais tarde, porém, em 1932, seu acervo teve de ser disperso por diversos órgãos públicos. É que o prédio foi requisitado para o Batalhão Militar Santos Dumont, durante a Revolução Constitucionalista.

E a Pinacoteca mudou-se para uma nova sede na Rua 11 de Agosto, onde funcionava a antiga Imprensa Oficial do Estado. Somente em 1944, o Estado adquiriu o prédio do Liceu de Artes e a Pinacoteca voltou ao seu lugar de origem.

A partir daí, o museu passou por muitas reformas. Ganhou biblioteca, teatro de arena, sala de restauro e novas galerias. Para Araújo, um dos períodos mais simbólicos da renovação da Pinacoteca foi seu fechamento por três anos, na década de 1970. ‘Foi um momento de revisão e reestruturação.’ Quando reabriu, deu-se início ao ciclo de exposições temporárias mantido até hoje.

Há mais de 50 anos, a Pinacoteca já elaborava estratégias de formação de público para tornar popular o acervo. Nos anos 50, o programa Passeios Explicativos contava com monitores que atendiam grupos de estudantes que visitavam as exposições. Já o Projeto Pinacoteca Circulante levava parte das obras a clubes, salões paroquiais, escolas e Prefeituras do interior.

Atualmente, ao longo de toda a semana, muitos grupos de estudantes vão conhecer o museu. A estudante Mariana Torrentes, de 16 anos, que cursa o 2.º ano do ensino médio veio junto com a turma da Escola Estadual Carlos Gilette, do Mandaqui, e apreciou o passeio. ‘Estou gostando. É interessante. Não é em qualquer lugar que a gente vê obras assim.’

Foi a primeira vez que ela entrou na Pinacoteca. ‘Imaginava um lugar com peças mais antigas, por causa da arquitetura que a gente vê de fora. Mas aqui dentro, o ar é moderno e diferente.’

Grande parte dos alunos que visitam a Pinacoteca chega ao museu por meio do projeto Bem-Vindo Professor, do governo do Estado. Somente este ano, a iniciativa pretende capacitar 990 mestres e levar 29 mil estudantes ao museu.