As vozes femininas pioneiras no jornalismo

Valor

ter, 09/03/2010 - 8h05 | Do Portal do Governo

As jovens jornalistas, que ainda “invadem” os meios de comunicação do Brasil – e em alguns Estados já são metade dos profissionais da área -, deveriam ler este livro de Regina Helena de Paiva Ramos, lançado no Dia da Mulher. Já as veteranas encontarão aí conhecidas suas ou nomes que leram nas principais publicações, ouviram no rádio ou viram na TV. “Mulheres Jornalistas – A Grande Invasão” é especialmente interessante para as paulistas, já que reúne várias pioneiras do setor em São Paulo.

Regina Helena, que se formou em 1952 na quarta turma de jornalismo da Faculdade Cásper Líbero e trabalhou, entre outros, no jornal “A Gazeta”, nas revistas “Visão” e “Casa e Jardim” e na TV Bandeirantes, começa o livro contando a própria experiência e, num texto saboroso, relembra a (hoje inacreditável) São Paulo da época em que estreou: uma cidade de 2 milhões de habitantes, tranquila, mais segura e menos poluída, onde a vida social, econômica e cultural gravitava em torno do centro.

A autora conversou – ou esteve há muitos anos – com as 70 profissionais retratadas, que tiveram a ousadia de abraçar uma profissão considerada masculina até a década de 50, quando só eram bem aceitas nas publicações femininas. Para se ter uma ideia: nos anos 40, havia cerca 15 mulheres jornalistas; nos 50, entre 20 e 30. Mas a partir daí a situação mudou muito e agora há mais de 9.500 mulheres jornalistas no país, muitas em cargos de chefia.

Mas quem são essas pioneiras? Patrícia Galvão (a Pagu), Carmen da Silva, Elsie Dubugras, Isa Silveira Leal, Edy Lima, Lenita Miranda de Figueredo e, mais recentemente, Cecília Thompson, Maria Lúcia Fragata, Cecília Zioni, Cida Damasco e Fátima Ali estão entre as mais conhecidas.

“Regina soube captar com cores ora suaves, ora fortes a trajetória dessas mulheres jornalistas que desbravaram caminhos e derrubaram preconceitos”, diz Tereza Cristina Vitali no prefácio. Ela cita Helle Alves, “que conseguiu o furo de reportagem da morte de Che Guevara no sertão da Bolívia, tendo de remar contra a maré no próprio ambiente de trabalho, pois muitos colegas, por puro machismo, torciam para que as coberturas confiadas a mulheres jornalistas dessem em nada”. Tereza, a propósito, é a primeira mulher a ocupar a direção da Cásper Líbero.

“Mulheres Jornalistas – A Grande Invasão” – Regina Helena de Paiva Ramos
Imprensa Oficial/Faculdade Cásper Líbero, 360 págs., R$ 45,00