Arte que liberta chega a SP

Jornal da Tarde - Domingo, dia 10 de setembro de 2006

dom, 10/09/2006 - 11h17 | Do Portal do Governo

MARIANA PINTO, mariana.pinto@grupoestado.com.br

Depois de fazer sucesso em Salvador, a organização não-governamental Arte que Liberta irá trazer para São Paulo o projeto Criando com Liberdade. Nele, presidiários da Capital aprenderão a confeccionar artesanatos e terão, com isso, uma profissão. Os objetos serão vendidos em uma loja no Itaim Bibi, bairro nobre da Zona Oeste.

O projeto Criando com Liberdade existe em Salvador desde 1999 e já capacitou 350 presidiários. Os artigos feitos pelos presos podem ser comprados na loja do Itaim Bibi, na Rua Comendador Miguel Calfat, 296.

Os detentos de São Paulo irão aprender a fazer velas e utilizar fibras naturais, como sisal e piaçava, para com elas confeccionar de bolsas a tapetes. Também farão oficinas de produção de papel artesanal reciclado, marchetaria (mosaicos com metais) e serralheria para construção civil. Nas aulas de serralheria, eles aprendem a fabricar portões, grades, divisórias e estantes.

Cada detento recebe um salário mínimo (R$ 350) e um adicional por produção. Quanto mais ele produz, mais ganha. O dinheiro é depositado em uma conta de poupança e pode ser sacado pela família do presidiário ou retirado por ele quando ganhar a liberdade. Além disso, a cada três dias de trabalho, o preso tem reduzido um dia de sua condenação.

Os primeiros detentos beneficiados pelo programa em São Paulo serão os da Penitenciária José Parada Neto, em Guarulhos, Grande São Paulo. Serão selecionados 90 presidiários, indicados pela direção do presídio à ONG . Eles serão divididos em oito turmas de dez integrantes e em duas turmas de cinco. Cada curso dura em média 72 horas.

“A gente faz o processo de treinamento e qualificação profissional dos reeducandos. O curso e o treinamento duram 90 dias”, explica o artista plástico Chico Maia idealizador e presidente do projeto.

A idéia, segundo Chico, é expandir o treinamento para outros presídios e outros Estados, além de São Paulo e Bahia. No José Parada Neto haverá três oficinas: duas voltadas para serralheria e uma de artesanato. “Queremos promover uma transformação na vida dos internos e na de seus familiares porque está comprovado que o trabalho reduz a reincidência”, afirma ele.

Chico conta ter resolvido trabalhar com presidiários depois de ter sonhado estar dentro de uma prisão. “Foi uma experiência que mudou minha vida.” A Arte que Liberta está em busca de parceiros para inserir no mercado de decoração os objetos produzidos pelos presos. Quem tiver interesse pode escrever para artequeliberta@terra.com.br.