Arquivo do Estado terá novo prédio

O Estado de S. Paulo

sex, 27/11/2009 - 8h06 | Do Portal do Governo

Capacidade de armazenamento será ampliada em 9 vezes

O Arquivo Público do Estado começou, no início do mês, uma reforma em sua sede para aumentar em nove vezes a capacidade de armazenamento do acervo histórico – documentos da administração pública desde o século 17. Hoje, são guardados no complexo da Avenida Cruzeiro do Sul, na zona norte de São Paulo, cerca de 10 quilômetros lineares de documentos, 1,5 milhão de fotografias e 1,2 mil títulos de jornais e revistas. Conforme admite a coordenação do órgão, já não há espaço para mais nada.

Com a construção de um novo edifício, de 11 andares e 23 mil metros quadrados dentro do complexo, a capacidade do Arquivo subirá para 90 km de documentos em um único espaço. Com 23 km de documentos guardados – além dos 10 km armazenados na zona norte, há outros 13 km em depósitos na Mooca -, o Arquivo Público do Estado é o segundo maior do País, atrás apenas do Arquivo Nacional (que guarda 55 km lineares de documentos, divididos nos complexos do Rio e de Brasília).

No novo prédio do Arquivo paulista, haverá cinco andares com pé direito duplo, onde estarão armazenados processos que mostram todos os atos do Executivo na história do Estado. As obras, avaliadas em R$ 68 milhões, começaram no início do mês e devem ser finalizadas em dezembro de 2010.

A capacidade de atendimento com as reformas será quadruplicada – hoje, há espaço para 25 pessoas realizarem pesquisas simultaneamente; na nova área, até cem pesquisadores poderão trabalhar ao mesmo tempo, em espaços para pesquisas em grupo ou individuais. “O Arquivo é procurado hoje principalmente por pesquisadores de universidades, estudantes do ensino médio e por cidadãos interessados em obter cidadania de outros países, por exemplo, ou o histórico de alguma posse adquirida”, explica o coordenador do Arquivo, Carlos Bacellar. “Será o primeiro prédio projetado especificamente para um arquivo de grande porte no País”, diz.

Os ambientes do novo prédio do Arquivo serão climatizados, em temperatura média que variará entre 18°C e 20°C nos depósitos destinados a papel – hoje, não há ar condicionado no prédio e a climatização é feita somente com ventiladores. “No novo edifício, os depósitos serão construídos especialmente para o tipo de documento que se destinam a abrigar, com diferentes instalações para cartografia e iconografia”, conta Bacellar.

Além disso, serão construídos novos laboratórios de preservação, restauração, microfilmagem e digitalização de documentos. “Já no próximo mês, vamos colocar na internet cerca de 29 mil páginas digitais de consulta para obtenção de cidadania. Mas, com novos laboratórios, documentos serão restaurados e digitalizados em volume muito maior”, diz Bacellar.

No novo complexo, também haverá biblioteca para armazenar 45 mil volumes do acervo do Arquivo, auditório, espaço para exposições, livraria e café.

Arquivo Público do Estado de São Paulo 
Rua Voluntários da Pátria, 596 (Estação Tietê do Metrô); de terça a sábado, das 9 às 17 horas;
tel.: (11) 2221-4785; www.arquivoestado.sp.gov.br

Acervo tem 1,1 milhão de fichas do Dops. Até a do papa João Paulo II

Entre o material procurado por pesquisadores para consulta no acervo do Arquivo Público do Estado estão as cerca de 1,1 milhão de fichas do Departamento de Ordem Pública e Social (Dops), órgão destinado a controlar e reprimir movimentos contrários ao regime militar – e que fichou até o papa João Paulo II, quando ele esteve no Brasil em 1982 (está lá, sob o nome Segundo, João Paulo, conforme grafaram agentes do Dops). “Atrai pesquisadores e curiosos”, conta Carlos Bacellar, coordenador do Arquivo. “Cansei de ver gente vir até aqui para procurar sua própria ficha, para saber o que o regime apontava.”

Também há livros de registro que contam a história de todas as vilas da capitania de São Paulo entre 1765 e 1850, listadas domicílio a domicílio. “É um registro único no País.”

Numa tarde da semana passada, a aposentada Maria Lucia Ney, de 71 anos, esteve no Arquivo para “se informar sobre o mundo”. “Gosto daqui, mas uma reforma cairá bem, para dar mais conforto a quem pesquisa e conservar melhor os documentos”, conta. “Visitar o arquivo é uma boa maneira de mostrar aos jovens a importância de conhecer sua história. Dá até uma maior noção de cidadania e respeito ao que passou.”

Periódicos do passado – incluindo toda a coleção fotográfica dos jornais Última Hora e Diários Associados, adquiridos em 2007 – também estão entre os itens procurados no Arquivo Público do Estado. As revistas e os jornais foram digitalizados e estão disponíveis na internet no site www.arquivoestado.sp.gov.br. Além disso, as fichas do Dops foram divididas em temas (por nome de sindicato, de entidade estudantil, de evento), digitalizadas e também estão na internet como parte do Projeto Memórias Reveladas, do Arquivo Nacional. Também estão disponíveis no site do órgão ou em www.memoriasreveladas.arquivonacional.gov.br.

Para cidadãos interessados em conseguir cidadania estrangeira, em dezembro, o Arquivo vai colocar na internet cerca de 40 mil páginas de documentos dos núcleos coloniais do Estado, que ajudarão a comprovar a origem das famílias de imigrantes.