Arquitetos do Ninho de Pássaro projetam teatro de dança em SP

Folha de S.Paulo - Terça-feira, 4 de novembro de 2008

ter, 04/11/2008 - 9h25 | Do Portal do Governo

Folha de S.Paulo

Os suíços Jacques Herzog e Pierre de Meuron, uma das duplas mais requisitadas no cenário mundial da arquitetura, vão assinar o projeto do futuro teatro de dança e de ópera, que servirá de sede para a São Paulo Companhia de Dança. O novo espaço ocupará o terreno da antiga rodoviária da cidade, em frente à Sala São Paulo, na Luz.

A dupla, autora do Estádio Olímpico de Pequim (mais conhecido como Ninho de Pássaro) e da Tate Modern, em Londres, desbancou outros três escritórios internacionais de arquitetura, numa concorrência informal que contou com o aval do governador José Serra e do secretário estadual de Cultura, João Sayad.

De acordo com a secretaria, o o processo foi amparado em uma lei federal -a 8.666/93-, que diz ser “inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição para a contratação de serviços técnicos […] de natureza singular, com profissionais ou empresas de notória especialização”.

“Eles são autores de projetos singulares, são arquitetos que se embrenham no ambiente em que vão fazer o projeto, o que é fundamental neste teatro. O escritório deles se mostrou muito disponível e interessado nesta empreitada. Eles vão montar uma filial aqui em São Paulo com 20 profissionais”, afirmou Sayad.

O futuro complexo cultural paulistano ocupará um terreno com cerca de 19 mil m2.

No total, serão três teatros. O palco principal terá capacidade para receber 1.750 espectadores. Um segundo, para recital e drama, terá 600 lugares. Por fim, haverá uma sala com palco reversível, para 450 pessoas.

Ali também funcionará a nova sede do Centro de Estudos Musicais Tom Jobim. O projeto prevê salas de ensaios para companhias, uma biblioteca, estacionamento e uma futura escola de dança.

R$ 300 milhões

O custo total, segundo Sayad, é de R$ 300 milhões, que virão do Tesouro do Estado. Os arquitetos escolhidos ganharão entre 6,5% e 8,5% do valor total da obra, algo entre R$ 19,5 milhões e R$ 25,5 milhões.

“Como acontece em todos os nossos projetos, precisamos conhecer melhor a cidade onde vamos trabalhar, analisar, compreender, olhar a região”, disse De Meuron, em entrevista à Folha por telefone.

Ele pretende vir logo a São Paulo para o primeiro projeto do escritório no país. “Tenho ótimas lembranças do Brasil, de Brasília, de São Paulo. Agora há uma boa perspectiva para voltar e me envolver mais com as pessoas.”

O nome de Herzog e De Meuron foi consenso entre o grupo que vem pensando o formato do futuro teatro. Foram preteridos escritórios de renome como o Oma (Office for Metropolitan Architecture), responsável pelo Nederlands Dans Theater em Haia; o Foster + Partners, que assinou o City Hall de Londres; e o Pelli Architects, autor do Carnival Center for the Performing Arts, em Miami.

Os dois arquitetos vão criar o novo prédio a partir de uma brochura que fornece as indicações de como devem ser os teatros. Antes da escolha deles, havia sido contratada uma empresa especializada em projetos de teatro, a inglesa Theatre Projects Consultants, para forecer as especificações.

“Esse material servirá de bula para os arquitetos porque queremos um teatro construído de dentro para fora, com as qualidades técnicas perfeitas para receber espetáculos de dança e de ópera”, diz Sayad.

Final de 2010

Herzog e De Meuron têm até março para finalizar o projeto.

Enquanto isso, o processo de desapropriação da antiga rodoviária, que hoje abriga um shopping, está previsto para terminar em janeiro.

“O conceito urbanístico é a base da arquitetura. É sempre importante ter programas culturais para desenvolver cidades”, disse De Meuron em relação à região escolhida, ainda em fase de revitalização. Para a desapropriação do local, já foram gastos R$ 34 milhões. A obra deve começar no segundo semestre de 2009, com conclusão prevista para final de 2010.

“Vamos correr para entregar pelo menos a estrutura dos teatros. Vamos tentar ir concluindo por módulos, para ter algumas partes prontas antes das outras”, diz Sayad.