Área de algodão cresce 30% em SP

O Estado de S. Paulo - São Paulo - Quarta-feira, 15 de dezembro de 2004

qua, 15/12/2004 - 9h45 | Do Portal do Governo

Estado registra a maior expansão do País, com 113 mil hectares. Em dois anos, plantio está quase 60% maior

José Maria Tomazela

O Estado de São Paulo vai registrar o maior crescimento no plantio de algodão do País nesta safra, segundo dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA), órgão da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado. A ampliação da área em 29,7%, atingindo 113.200 hectares, é atribuída pelos técnicos do órgão ao bom desempenho das cotações do produto no mercado internacional, além de medidas de incentivo e sustentação da atividade.

A safra 2003/2004, com área de 87.300 hectares, já registrara crescimento de 28,2% em relação à anterior. A região norte do Estado, principalmente em Orlândia, Votuporanga e Ituverava, são as maiores produtoras, seguidas da região de Leme, no leste paulista. O sudoeste constitui a mais nova fronteira da cultura. No município de Paranapanema, maior produtor, a área cultivada está em crescimento desde 2000. ‘Estamos atingindo nesta safra 10 mil hectares, 2 mil a mais do que no ano passado’, diz o engenheiro agrônomo Marcelo Ferreira Anselmo, da Casa da Agricultura local.

Uma das melhores

A produção, segundo ele, está concentrada na Cooperativa Agroindustrial Holambra II, no distrito de Holambra, e é considerada uma das melhores do País. A área de cultivo dobrou nos últimos três anos. As culturas são mecanizadas, do plantio à colheita. A cooperativa dispõe de uma usina de beneficiamento com capacidade para 550 fardos de 220 quilos por dia. A unidade está sendo ampliada.

Segundo Anselmo, os produtores investiram muito em tecnologia, adotando o plantio direto em praticamente toda a área cultivada, irrigação com pivôs e rotação de culturas. É o caso de Antonio Jacob, que reduziu a área de soja em 130 hectares, transferindo essas terras para o algodão, que agora perfaz quase 300 hectares. O plantio foi feito sobre a palhada do trigo, cultivado no inverno, e 50% da lavoura é irrigada.

Ele espera colher mais de 280 arrobas por hectare. O produtor cultiva trigo e triticale no inverno e usa o milho e a soja para o rodízio com o algodão.

Em Leme, uma das mais tradicionais regiões produtoras de São Paulo, a cotonicultura está sendo retomada. De acordo com a engenheira agrônoma Tereza Bonafé Gaspar Ruas, da Casa da Agricultura local, o município foi, no passado, um dos maiores produtores de algodão do Estado. Em 1983, cultivava 16 mil hectares, mas o cultivo reduziu-se a quase nada no fim da década de 90. ‘Agora o cotonicultor está voltando a investir’, disse. Nesta safra, foram plantados 4 mil hectares no município, 500 a mais que na anterior. Jovens produtores entraram na cultura, juntando-se aos tradicionais.

Os sócios Maurício Rodrigues Ramos, de 38 anos, e Marcos Kilian, de 40, com outros quatro parceiros, investiram R$ 2 milhões nos últimos cinco anos em um projeto de cotonicultura que já resultou na instalação de uma algodoeira e no cultivo de 700 hectares, nesta safra, em terras arrendadas.

O salto na área plantada é significativo: o primeiro plantio da empresa criada por eles, a MK Agrícola, feito em 2002, foi de apenas 36 hectares. A algodoeira Aliança tem capacidade para dez fardos por hora e vai beneficiar as 175 mil arrobas de algodão em caroço que devem ser colhidas pelos 13 produtores que integram a parceria, mais a produção de outros agricultores. O plantio foi iniciado na primeira quinzena de novembro – um pouco atrasado porque as chuvas demoraram – e a colheita deve ocorrer em março.