Araraquara terá 1º CDP eletrônico de SP

Jornal da Cidade - Bauru - Segunda-feira, 1º de dezembro de 2003

seg, 01/12/2003 - 11h44 | Do Portal do Governo

Modelo é uma cópia do sistema prisional utilizado nos Estados Unidos e deve custar ao governo cerca de R$ 5,8 mi

Por Cláudio Dias / Da Tribuna Impressa especial para o JC

Araraquara – O prédio anexo que está sendo construído dentro da Penitenciária Regional de Araraquara (125 quilômetros a Nordeste de Bauru) para funcionar como um Centro de Detenção Provisória (CDP) será o primeiro a ser todo eletrônico no Estado de São Paulo e o pioneiro a ter as celas todas pré-montadas no Brasil. A informação foi passada pelo secretário da Administração Penitenciária (SAP), Nagashi Furukawa, durante visita a Araraquara.

Devido a algumas mudanças na assinatura do contrato, a obra deve ser entregue dia 27 de fevereiro e não 19, como estava previsto.

O prédio do CDP terá 496 vagas e 62 celas para oito presos em cada uma. A estrutura será um quadrado com a sala de controle no meio, sendo que os funcionários não terão contato com os presos. Furukawa explicou que a obra, orçada em R$ 5,8 milhões, incluirá o sistema de segurança.

O anexo de Araraquara será o primeiro a adotar o modelo eletrônico, em que as portas só são abertas através de uma ordem enviada via computador.

O secretário comenta que o projeto eletrônico que é pioneiro no Estado, traz o trabalho realizado em Curitiba. Porém, o modelo é copia de boa parte do sistema utilizado nos Estados Unidos. Furukawa diz que uma cópia foi deixada exposta durante um mês, no Carandiru, para que os diretores vissem o projeto e sugerissem mudanças.

O secretário conta que as celas são trazidas prontas de Curitiba e colocadas uma ao lado da outra com o encanamento já previamente montado. Para isso, foi aberto um portão na lateral da unidade, na avenida Estrada de Ferro, com a segurança extra de um alambrado.

Com isso, basta só ser finalizada a terraplanagem e a base do presídio para que as celas sejam instaladas. O diretor da empresa Brasilsat Ltda, vencedora da licitação pública, Antônio Halaje, explica que o circuito tem sensores indicando se as portas estão abertas ou fechadas.

Halaje conta que as celas são todas de concreto, à prova de fugas. Nos prédios comuns utiliza-se 150 centímetros quadrados para resistência, nos presídios usam-se 250, mas o anexo terá 440.

As celas não têm frestas e as portas são em chapa de aço, como aquelas utilizadas nas torres de comunicação. As fechaduras são duplas (eletromecânicas e eletromagnéticas) e têm uma maior segurança, pois o pino que trava a porta suporta um impacto de cinco mil quilos.

Além do piso da cela, que é de concreto, tem também uma chapa de aço de dois centímetros e mais quase um metro de concreto para dificultar a escavação de túneis de fuga.

O telhado fica a mais de cinco metros do chão e para dar mais segurança, há um sensor de presença que aciona um alarme na sala de controle quando uma pessoa chega próximo do local.

‘A cobertura do pátio do anexo ainda terá cabos de aço e uma tela metálica, acabando com a possibilidade de helicópteros descerem’, explica Halaje.

O sistema ainda terá 32 câmeras, todas protegidas com uma redoma de policarbonato, antivandalismo. Além do controle de abertura das portas pela central, é possível controlar o abastecimento de água e energia cortando o serviço numa rebelião. ‘Se pifar o eletrônico, podemos trabalhar no manual’, frisa o diretor da Brasilsat.

O estudo sobre a quantidade de funcionários que serão deslocados para trabalhar no anexo, de acordo com o secretário da SAP, deve ser feito pela direção da unidade e também pelo coordenador da região Noroeste.

Ele explica que o anexo ficará instalado bem separado dos pavilhões da penitenciária e os detentos não terão qualquer contato. Já as visitas devem passar por um outro caminho a ser estudado. Um novo poço artesiano será perfurado, para evitar a falta de água com o aumento da população. A alimentação será preparada na penitenciária e passada aos detentos do anexo.

O sistema de detentos temporários de Araraquara tem uma média histórica que giraria em torno de 200 presos de uma vez, possibilitando que as cadeias da região fossem fechadas. No entanto, Furukawa reforça que a prioridade é abrigar os presos locais, já pensando numa projeção para daqui a alguns anos. ‘Mas, enquanto as vagas não estiverem totalmente preenchidas pelos presos de Araraquara, certamente atenderemos à vizinhança.’