Aprendizes de jardineiro buscam futuro

Jornal da Tarde - São Paulo - Segunda-feira, 18 de outubro de 2004

seg, 18/10/2004 - 9h08 | Do Portal do Governo

São trinta alunos de um programa que ensina interessados a ser bons jardineiros. As aulas são no Jardim Botânico, em meio a plantas como pau-brasil e orquídeas

ROSELI ANDRION

Pau-brasil, palmeiras reais, trepadeiras, orquídeas, bromélias e muitas outras espécies vegetais plantadas no Jardim Botânico de São Paulo serão as companheiras de 30 aprendizes durante dois meses. É o projeto Jardim Escola, cujas aulas começam hoje e terminam em 10 de dezembro.

A idéia nasceu em dezembro do ano passado. Com o apoio de parceiros da iniciativa privada, saiu do papel e transformou-se em prática. ‘As aulas serão dadas por pesquisadores do Instituto de Botânica. Os alunos sairão daqui como jardineiros de fato’, diz Luiz Mauro Barbosa, diretor-geral do Instituto.

Primeira empresa a se dispor a participar do projeto, a Bayer reformou toda a área que será usada pelos alunos durante as aulas. ‘Fui apresentado à idéia e me apaixonei por ela’, diz Eckart-Michael Pohl, gerente de Comunicação da empresa. ‘Estou aqui para o que for necessário.’

Além das aulas, gratuitas, os alunos recebem macacão, botas de borracha, kits de ferramentas, cesta básica, vale-transporte e almoço. Tudo doado pelos patrocinadores. ‘Fico muito feliz em ver que, em menos de um ano, já estamos começando a primeira turma’, alegra-se Lu Alckmin, primeira-dama do Estado e presidente do Fundo Social de Solidariedade. ‘E depois do curso, vamos recomendá-los para locais que precisem desse tipo de trabalho especializado: grandes condomínios, parques, praças, clubes e até empresas que são responsáveis pela manutenção aqui no Jardim Botânico’, diz Barbosa.

Animado, o chileno Christian Zuniga, de 34 anos, espera ficar mais próximo da natureza com as aulas. ‘Estou desempregado e aqui posso me profissionalizar em uma área muito interessante.’

Sem profissão, Natanael da Silva, de 30 anos, acredita que irá oferecer melhores condições de vida à família depois que se formar. ‘Quero ser um bom profissional, que possa trabalhar em qualquer lugar que precise de um jardim bem cuidado.’ Seu colega Márcio da Silva Pimentel, de 24 anos, tem o mesmo objetivo. ‘Faltam bons profissionais nessa área. Espero ser um dos que vai mudar esse quadro.’

Escolher os indicados para fazer o curso não foi tarefa fácil. Os líderes comunitários de várias regiões da cidade foram os encarregados da tarefa. ‘Foi bem difícil, porque muita gente está desempregada e precisando se profissionalizar’, conta Antonia Soares Biu – que indicou dois alunos de Cidade Tiradentes, na Zona Leste, para o curso. ‘Sei que outros moradores vão reclamar comigo. Vou tentar indicar mais gente talentosa para as próximas turmas: isso vai mudar o futuro deles.’