Apreensão de animais bate recorde em SP

Folha de São Paulo - Sábado, dia 5 de agosto de 2006

sáb, 05/08/2006 - 11h33 | Do Portal do Governo

Após queda em 2004, Estado apreendeu 25 mil bichos silvestres em 2005, de acordo com relatório da PM Ambiental

Coordenador da pesquisa diz que causas do salto são tanto o aumento da fiscalização como a maior atuação dos traficantes

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO

DA REPORTAGEM LOCAL O número de animais silvestres apreendidos no Estado de São Paulo bateu recorde histórico no ano passado. As apreensões voltaram a subir, após queda entre 2003 e 2004, e chegaram a 25.111, segundo relatório da Polícia Militar Ambiental.

Os números fazem parte da primeira base de dados organizada pela polícia, que também mapeou os principais pontos de apreensões no Estado. Para o tenente Marcelo Robis Nassaro, que coordenou o levantamento, as causas do salto são tanto o aumento da fiscalização -houve 7.059 operações em 2005, contra 4.094 de 2004- como a maior atuação de quadrilhas especializadas.

O levantamento confirma São Paulo como rota e destino final de animais retirados das matas em outros Estados -somente 18% deles vieram de solo paulista. É um negócio lucrativo que, segundo as Nações Unidas, representa só no Brasil uma movimentação financeira anual de cerca de US$ 1,5 bilhão -um terço do Orçamento da cidade de São Paulo.

A polícia identificou três focos principais de apreensões, sempre ao longo das estradas: rodovias que passam pela capital paulista -Dutra, Castello Branco e Regis Bittencourt-, Washington Luís e BR-153, que cruza o Estado entre São José do Rio Preto e Ourinhos.

A preferência dos traficantes, na maioria das vezes, é por aves -mais fáceis de transportar clandestinamente e de vender-, como curió, canário-da-terra, e azulão. Um curió é vendido por pelo menos R$ 300, mas pode alcançar valores bem maiores fora do Brasil.

Diante dos números, a Polícia Ambiental enfrenta um problema de difícil solução: onde manter os animais enquanto eles não são levados de volta para o habitat natural. Para Jury Seino, analista ambiental do Ibama em São Paulo, é preciso ampliar os centros de triagem no Estado -existem cinco, além de três em fase de implementação-, mas a prioridade deve ser o combate ao tráfico de animais. “Eles [centros] nunca serão suficientes, porque o tráfico continua. É preciso um trabalho na origem.”

Esse combate, explica ela, exige investigação e uso de serviço de inteligência, mas também maior consciência por parte da população. “Apesar de todo mundo se horrorizar ao ver a foto do bicho preso, se o tráfico existe é porque tem consumidor.” Colaborou RICARDO GALLO, da Reportagem Local