Apostando no ensino a distância

O Estado de S.Paulo - Segunda-feira, 26 de Setembro de 2005

seg, 26/09/2005 - 11h42 | Do Portal do Governo

Ricardo Kobashi

Vez ou outra sou convidado a participar de uma conferência pela web. Geralmente para apresentação de algum novo produto.

É bem bacana. O conferencista, de qualquer lugar do mundo, faz uma apresentação em tempo real para dezenas de pessoas situadas também em qualquer lugar do mundo. Com direito a som, imagens, vídeos explicativos e interações do tipo ‘ele mexe na tela dele, eu vejo na minha tela’. Dá até pra trocar de conferencista, quer dizer, se eu tiver alguma coisa para dizer, posso ‘pedir a palavra’ e mandar o meu recado. Palavra concedida, minha voz e tudo o que eu fizer no meu computador passa a ser compartilhado com a platéia virtual. É uma combinação de sala de bate-papo, vídeoconferência e software de apresentações turbinado para a web.

Mas nem precisamos ir tão longe. Outro dia recebi uma apresentação por e-mail com o recado “diga a que horas poderemos ligar para você e apresentar o conteúdo anexo”.

No dia e hora combinada, recebi uma ligação e, com a apresentação aberta em meu computador, fui ouvindo as explicações de minha interlocutora. Em 20 minutos já sabia tudo o que precisava. Ela estava em Nova York e eu em São Paulo. As empresas já utilizam instrumentos de ensino a distância em seu dia-a-dia. Sorte delas. Na esfera governamental, o Estado de São Paulo, através da Fundap, Fundação do Desenvolvimento Administrativo mantém um portal de ensino a distância para o funcionalismo estadual e uma série de outras iniciativas públicas estão em andamento, inclusive a criação de uma universidade federal de ensino a distância, a Universidade Aberta do Brasil.

Mas, como você pode perceber no seu dia-a-dia, são exceções, não regra, e ainda há muito preconceito quando se fala em colocar aluno e professor em lugares distintos do mapa.

Nunca entendi muito bem porque tantos educadores têm restrições ao ensino a distância. Concordo que a proximidade física entre professor e aluno traz benefícios e que o processo de construção do conhecimento, em muitos casos, depende dessa proximidade, mas usar esse tipo de argumentação contra o ensino a distância subestima professores, alunos e a tecnologia. É como se educadores e educandos fossem irremediavelmente incapazes de vencer a separação física, e as tecnologias da informação e comunicação já não tivessem resolvido problemas tão ou mais complexos.

Na semana passada participei de um encontro promovido pela Associação Brasileira de Ensino a Distância. Vi e ouvi muita gente talentosa e animada com o que está fazendo. Saí com a convicção de que chegou a hora de colocar nossas fichas em iniciativas desse tipo para ajudar a resolver nosso problema educacional. O tempo é curto e o País, grande demais. A tecnologia está disponível e há talento de sobra em território nacional capaz de vencer os desafios práticos e teóricos envolvidos. Não há por que esperar.

ricardo@kobashi.com.br