Apeoesp diz que doenças são causa de falta

Folha de S. Paulo, domingo, 11 de novembro de 2007 O presidente da Apeoesp (sindicato dos professores), Carlos Ramiro de Castro, afirmou que, com salários baixos, longas jornadas, salas superlotadas […]

dom, 11/11/2007 - 15h32 | Do Portal do Governo

Folha de S. Paulo, domingo, 11 de novembro de 2007

O presidente da Apeoesp (sindicato dos professores), Carlos Ramiro de Castro, afirmou que, com salários baixos, longas jornadas, salas superlotadas e violência na escola, os professores tendem a adoecer e, por isso, precisam faltar.

Para sustentar a argumentação, Castro cita um estudo feito pela Apeoesp, em conjunto com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos), que apontou que 61% dos professores dizem sofrer de nervosismo, 57% têm falhas na voz e 44% apresentam angústia.

A pesquisa, publicada neste ano, entrevistou 1.780 docentes em novembro de 2003.

“Nessas condições, o professor adoece. E, como ele tem de fazer jornada tripla, se precisa ir ao médico, muitas vezes, tem de faltar”, disse Castro, que é suplente do senador Eduardo Suplicy (PT-SP). “O professor precisa ter melhores condições de trabalho e um bom salário para poder diminuir a jornada.”

O salário inicial da rede estadual de São Paulo é de R$ 1.295,76, para uma jornada de 30 horas semanais. Reportagem da Folha publicada no mês passado mostrou que o valor por hora da rede paulista é apenas o 10º maior do país.

Castro lembra que o corpo docente da rede é formado majoritariamente por mulheres (80%). “Elas têm de fazer exames médicos específicos. E, quando o filho adoece, geralmente é ela quem vai cuidar.” O sindicalista diz ser contrário a mudanças na legislação.

Docentes também reclamam. “O professor não é valorizado, entra em depressão, tem problemas na voz. Eu estou desmotivado”, diz um docente de uma unidade do Capão Redondo (zona sul de SP).

Se não há consenso para as razões do absenteísmo, os efeitos são conhecidos. Vinícius Rodrigues Dantas, 17, por exemplo, se diz uma das vítimas. Aluno do terceiro ano do ensino médio de uma escola estadual na Cidade Ademar (zona sul), ele conta que “quase todo dia falta um professor”.

“Geralmente, os substitutos não fazem nada, deixam a gente conversando”, disse ele, que decidiu não prestar vestibular neste final de ano. “Sei que não vou conseguir passar.”

Estudo de Tufi Machado Soares, da Universidade Federal de Juiz de Fora (MG), mediu o peso das faltas dos professores. Alunos da quarta série da rede estadual de Minas que estudam com professores que faltam muitas vezes tiveram média de 187 pontos em testes de língua portuguesa, ante 202 daqueles cujos docentes são assíduos. Os dados têm como base o exame mineiro de avaliação, aplicado em 2002. (FT)