Aos 75, Jardim Botânico busca popularização

Folha de S. Paulo - Quinta-feira, 11 de dezembro de 2003

sex, 12/12/2003 - 9h14 | Do Portal do Governo

Meta é multiplicar o número de visitantes por 20 em quatro anos, passando de 50 mil para 1 milhão de pessoas por ano

Mariana Viveiros, da reportagem local

São 5,26 milhões de metros quadrados de verde em plena selva de pedra paulistana.

Em 36 mil deles (ou cinco campos de futebol), o visitante pode apreciar mais de 1.200 espécies de plantas da mata atlântica em sua formação original, conhecer 23 mil diferentes exemplares de orquídeas raras, percorrer duas estufas do século 19 com representantes da vegetação de quase todos os cantos do mundo, ver as nascentes do histórico riacho do Ipiranga, fazer trilhas e até conhecer um jardim construído especialmente para permitir aos portadores de deficiência aproveitar o contato com a natureza.

Tudo isso está a apenas 20 minutos da avenida Paulista (região central de São Paulo), mas ainda é praticamente ignorado pelos moradores da capital.

O Jardim Botânico de São Paulo fez 75 anos, no dia 9 de novembro, como um ilustre desconhecido, mas quer ser redescoberto e comemorar o 80º aniversário como um dos programas preferidos dos paulistanos. O plano é, nos próximos quatro anos, multiplicar o número de visitantes por 20, de uma média de 50 mil para 1 milhão por ano, chegando mais próximo à performance do vizinho Zoológico, que, a poucos metros de distância, recebeu a visita, em 2002, de 1,6 milhão de pessoas.

A meta é audaciosa, reconhece o diretor-geral do Instituto de Botânica do Estado, Luiz Mauro Barbosa. ‘Mas o local oferece um potencial enorme. Eu sou suspeito. Acho que o jardim é a área mais bonita da cidade. Só que aqui não pode fazer piquenique, ouvir música alta, andar de bicicleta nem trazer cachorro para passear’, diz.

O desafio é tornar popular o lazer contemplativo e educativo a que se presta o local -onde, por trás da exuberância da flora, estão 70 pesquisadores que estudam taxonomia (classificação) e comportamento vegetal, ecologia e biotecnologia, tendo como principal objetivo a conservação da biodiversidade. ‘O que temos tentado fazer é integrar as atrações do jardim à informação científica de forma compreensível e agradável para as pessoas.’

Um exemplo foi a inauguração, em setembro, como parte das comemorações dos 75 anos, do Jardim dos Sentidos, uma área criada especialmente para que portadores de deficiência possam usufruir do contato com a natureza -adaptada para usuários de cadeiras de rodas, com explicações em braile e plantas que podem ser ‘sentidas’ pelo tato e pelo olfato.

Além disso, o Jardim Botânico ainda servirá como laboratório vivo para cursos de jardinagem e horticultura para pelo menos 600 pessoas atendidas pelo Fundo Social de Solidariedade do Governo do Estado. A idéia é que elas possam depois trabalhar em condomínios e prédios que se interessem em ser parceiros do projeto, batizado de Jardim Escola.

As parcerias com a iniciativa privada são, aliás, fundamentais para a popularização do Jardim Botânico, afirma Barbosa.