Como parte das comemorações, serão criadas exposições fixas em 15 estações de bairros históricos da cidade
O Metrô de São Paulo, transporte público subterrâneo mais antigo do País, completa hoje 35 anos da sua primeira viagem – iniciada às 14 horas de 14 de setembro de 1974, num trajeto sul-norte de 7 quilômetros, entre as Estações Jabaquara e Vila Mariana. Ao longo daquele ano, o sistema que recebe hoje 3,3 milhões de passageiros por dia teve frequência diária de 2,5 mil pessoas – na Saúde, cuja frequência é de 32 mil pessoas por dia, apenas 117 passageiros circulavam nos vagões, moradores do então afastado bairro da zona sul. Contrastes que demonstram, mais do que crescimento da cidade, a importância adquirida pelo sistema, principal esperança do transporte na caótica metrópole.
Como parte das comemorações do aniversário, além da promessa de continuar o plano de expansão, a Secretaria de Transportes Metropolitanos vai homenagear os bairros da cidade – há 20 dias, abriu licitação para instalar 15 memoriais em estações de bairros históricos, como Ipiranga, Mooca e Lapa. Nos espaços, haverá painéis com fotografias e depoimentos em vídeos sobre a história dos bairros e seu papel no desenvolvimento da cidade.
As obras – com valor estimado em R$ 1,5 milhão por espaço, custeadas por empresas interessadas em anunciar nos locais – devem começar em dezembro, com previsão de término para março de 2010. Fotografias inéditas da instalação do metrô nos bairros da capital – desde a primeira linha, a norte-sul (atual Linha 1-Azul), cuja construção teve início em 1968 e terminou seis anos depois -, como as que ilustram esta página, também serão expostas nos memoriais.
“É parte da meta de integrar o metrô com a cidade. Se no plano de expansão queremos possibilitar ao passageiro morador do Tucuruvi (zona norte) que passeie à tarde na Guarapiranga (extremo sul), também gostaríamos que essas pessoas pudessem conhecer a cidade dentro das estações”, disse o secretário de Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella. Em estações cujos nomes batizam times de futebol (Corinthians-Itaquera, Palmeiras-Barra Funda, Portuguesa-Tietê, Santos-Imigrantes e a futura São Paulo-Butantã), haverá museus sobre os times.
Na memória dos primeiros trabalhadores, que também serão homenageados hoje, histórias hoje impossíveis – como o trabalho com os shields (tatuzões) semiautomáticos, que exigiam companhia de escavadores, a abrir caminho lentamente para as máquinas. “Levava dois anos para percorrer 400 metros”, lembra o técnico de obras Oliveiros Sertori, de 61 anos, funcionário do Metrô desde 1968. “Ver as máquinas rasgando o centro da cidade, levando as pessoas até locais distantes, era fantástico, uma obra nunca vista. Devemos celebrar essa evolução.”
Linha 2 terminará em hospital
Definição está no texto da licitação, que sai em 15 dias
A estação terminal do novo trecho da Linha 2-Verde ficará ao lado do Hospital Municipal Cidade Tiradentes, em um terreno já definido pelo Metrô. Esse trecho é o prolongamento que ligará a Vila Prudente a Cidade Tiradentes, ambos na zona leste, no trajeto que seria cumprido pelo Fura-Fila (o Expresso Tiradentes).
Essa novidade vai aparecer no texto da licitação que o Metrô lançará daqui a 15 dias, no início de outubro, para definir o consórcio que será responsável pela obra. Todo o percurso, de 23,6 km e 15 estações, será feito por um sistema elevado de monotrilhos (trens leves que circulam em trilho único).
Essa extensão será a única no País e a primeira de quatro linhas de metrô na capital que terão trens leves, em vez do conjunto tradicional, com grandes composições, túneis e estações subterrâneas. Segundo o diretor de Assuntos Corporativos do Metrô, Sérgio Brasil, o monotrilho não vai substituir o metrô, mas complementá-lo. “Queremos concluir a licitação até dezembro e realizar as obras ao longo do ano que vem”, diz.
O primeiro trecho, de 2,4 km, entre as Estações Vila Prudente (onde a Linha 2 do Metrô tradicional vai terminar) e Oratório, pode estar operacional em um ano. “Esse é o prazo que os fabricantes pedem para a obra.”
Brasil conta que técnicos da companhia estadual têm viajado para países onde os monotrilhos operam (o paulistano será baseado no modelo japonês) para conhecer outras experiências. A primeira linha de monotrilho da capital será feita em um elevado leve de concreto e terá aparelho de mudança de via – uma espécie de viga para permitir ultrapassagens de trens em caso de emergências ou problemas mecânicos. As estações serão todas elevadas, abraçando a estrutura.
Haverá saídas de emergência, no caso de um trem parar entre duas estações, e também a possibilidade de encostar outra composição em uma que esteja avariada, para transferir ocupantes.
O segundo trecho da obra terá uma ligação de 10,2 km, entre Oratório e São Mateus, e o final, de 11 km, vai de lá até a Cidade Tiradentes. O uso de um sistema moderno de sinalização, o CTBC, vai permitir intervalos de 90 segundos entre os trens.
“O monotrilho é uma alternativa para complementar o sistema sobre trilhos tradicional”, diz José Geraldo Baião, presidente da Associação de Engenheiros e Arquitetos do Metrô. Segundo ele, com o tempo, a empresa deve absorver a tecnologia de operação e manutenção do novo sistema.