Ao jovem, com carinho

Isto É - Domingo, 18 de janeiro de 2004

seg, 19/01/2004 - 12h11 | Do Portal do Governo

A Casa do Adolescente, serviço de orientação sobre
sexualidade e gravidez, completa dez anos

Juliane Zaché

Lidar com os filhos na adolescência é tarefa complicada para alguns pais. Muitos não sabem, por exemplo, a maneira e a hora certa para falar sobre sexo. Por outro lado, é frequente adolescentes não se sentirem à vontade para conversar com os familiares. Um espaço que está atendendo com êxito os anseios de pais e filhos é a Casa do Adolescente, ligada à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Na terça-feira 20, o serviço completa dez anos, superando a marca de 17 mil atendimentos (12.262 meninas e 5.043 meninos). “Englobamos todos os aspectos da adolescência. Físicos, psicológicos e sociais”, conta a ginecologista Albertina Duarte Takiuti, coordenadora do Programa Saúde do Adolescente do qual faz parte a Casa do Adolescente.

Os jovens recebem orientações sobre saúde e métodos de anticoncepção para evitar a gravidez precoce e passam por consultas com ginecologista, clínico geral e dentista, entre outras atividades. São 40 profissionais envolvidos no trabalho. O resultado desse esforço é gratificante. Em 2002, os casos de gravidez na adolescência no Estado de São Paulo foram reduzidos em 21,4%, comparados aos dados de 1998. Boa parte dessa contribuição veio da Casa do Adolescente. Os dados de 2003 ainda não foram concluídos. “Mas a tendência é o número de casos cair ainda mais”, diz Albertina.

Outra vitória foi reduzir o número de adolescentes que, num prazo de três anos, engravidavam pela segunda vez. Em seis anos, segundo o levantamento mais recente, o porcentual passou de 40% para 15% em São Paulo. Por causa disso, a Organização Panamericana de Saúde concedeu, em 1993, um prêmio à Casa pelo trabalho de controle da segunda gravidez.

Destaca-se também o trabalho feito com as jovens grávidas. O sucesso do projeto está na forma como as adolescentes são abordadas. “Trabalhamos com carinho e não com horário”, define Albertina. Ninguém questiona, por exemplo, por que a garota engravidou. Na consulta, os profissionais pedem para que ela fale sobre seu cotidiano e seus amores. Com o tempo, ela passa a confiar na equipe e conta sua história. Quando a garota dá à luz, o bebê é acompanhado até os dois anos. É uma forma de fortalecer o vínculo com a jovem.

A Casa oferece ainda oficinas voltadas à sexualidade. Uma das mais badaladas é a do sentimento. Sob acompanhamento de um psicólogo, os adolescentes tratam de temas como a primeira vez e o tamanho do pênis. A estudante Renata de Castro, 16 anos, conhece os méritos do programa, onde está há mais de sete anos. “Quando cheguei aqui tinha problemas de comportamento na escola. Hoje, sei lidar com meus sentimentos e sempre aprendo algo novo sobre sexualidade”, comenta.