Antunes Filho volta à TV Cultura

Folha de S.Paulo - Quarta-feira, 11 de abril de 2007

qua, 11/04/2007 - 12h10 | Do Portal do Governo

Da Folha de S.Paulo

A TV Cultura, em parceria com o SescTV, anunciou ontem o resgate de seu núcleo de teledramaturgia, extinto há 30 anos. O projeto, que a partir de julho leva à televisão peças teatrais de autores de várias épocas e nacionalidades, também resgata o trabalho de Antunes Filho na TV. Nos anos 70, Antunes dirigiu uma série de textos originalmente escritos para o palco em “Antunes Filho em Preto e Branco”.

No novo projeto, o diretor não assume as filmagens, assina apenas a coordenação, selecionando e orientando os profissionais envolvidos. Atrás das câmeras estão diretores de teatro mais jovens, como Samir Yazbek, Rodolfo García Vázquez e Beth Lopes. “Não vi motivos para eu assumir a direção dos trabalhos. Queria dar espaço para essa turma que está tinindo por aí. Preferi continuar com as minhas besteiras no teatro”, brincou Antunes.

Cada um dos 16 episódios tem uma hora de duração e junta dois espetáculos. A expectativa da direção da TV Cultura é que o projeto se estenda, com outros nomes das artes cênicas. “Estamos chamando vulgarmente essas peças de pilotos, porque tenho certeza de que podemos criar uma série de outros trabalhos”, diz Analy Alvarez, coordenadora do núcleo de dramaturgia da TV Cultura e idealizadora do projeto.

Liberdade

Textos e elenco de cada trabalho foram escolhidos pelos diretores selecionados por Antunes e por Analy e não seguem um estilo de linguagem, nacionalidade ou época. “Dei liberdade total a eles”, diz Antunes.

Yazbek, por exemplo, escreveu um texto especialmente para o projeto: “Vestígios”, sobre jovem que viaja para o interior do país para cuidar dos negócios de seu falecido pai. Marco Antônio Braz recorre à obra de Plínio Marcos, encenando “Quando as Máquinas Param”, história de um jovem casal desolado diante de uma cruel realidade econômica e social; e André Garolli leva à TV texto já encenado por ele no teatro, “Zona de Guerra”, de Eugene O’Neill, sobre grupo de marujos em conflito por conta de uma misteriosa mala.

“Finalmente quebramos o divórcio que houve entre teatro e televisão”, afirma Danilo de Miranda, presidente do Sesc. Para justificar essa separação de 30 anos, na TV Cultura, Marcos Mendonça, presidente da fundação Padre Anchieta, explica: “Acredito que a televisão comercial saiu na frente, tomou conta da teledramaturgia, se equipando, contratando profissionais do mais alto gabarito, se modernizando”.